Veja linhas de crédito para empresas que querem adotar energia solar

Mercado tem 70 opções de financiamento para pequenos, com taxas a partir de 0,74% e carência média de 3 meses

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Andrea Vialli
São Paulo

O crédito para adoção de energia solar fotovoltaica por micro, pequenas e médias empresas vive um crescimento da demanda. Hoje, há 70 linhas de financiamento voltadas para esse fim, segundo levantamento da Absolar, associação do setor.

Sol refletido em painel que produz energia renovável na Escócia
Sol refletido em painel que produz energia renovável na Escócia - Paul Hackett/Reuters

Há opções em bancos públicos e privados, cooperativas de crédito e fintechs, com taxas de juros que começam em 0,74% ao mês, carência média de três meses e prazos que chegam a dez anos.

Só em 2020, o volume de financiamentos para sistemas de geração distribuída (quando a energia é gerada no local de consumo) no país alcançou R$ 4.1 bilhões, um crescimento de 28% em relação a 2019, de acordo com a consultoria Cela Clean Energy Latin America, que atua no segmento de energia renovável.

Mais da metade desses recursos foram para financiar sistemas de pequenos e médios negócios, que buscam reduzir custos operacionais e aumentar a competitividade.

Além do encarecimento da conta de luz, um fator que impulsiona esse mercado é o amadurecimento do setor, com empresas de projeto e instalação de sistemas espalhadas pelo Brasil.

"A crise hídrica e o alto custo da energia para as pequenas e médias empresas tornam mais claros os benefícios da energia solar. Além da economia, os empresários buscam previsibilidade no fornecimento", afirma Camila Ramos, fundadora da Cela e vice-presidente de financiamento da Absolar.

José Luiz Maziero, dono de um bar e de uma adega em Campinas (interior de São Paulo), instalou há três meses um sistema fotovoltaico com 48 placas solares e capacidade para gerar 1.300 kWh por mês. O investimento foi de cerca R$ 70 mil.

Ele buscou crédito junto à fintech Solfácil para viabilizar a instalação, que foi parcelada em 60 meses. Nesse período, viu a conta de luz cair de R$ 1.700 mensais para R$ 700.

A Solfácil tem linhas voltadas para projetos residenciais (entre R$ 10 mil e R$ 200 mil) e empresariais (até R$ 500 mil), com carência de seis meses e prazos de 24 a 60 meses. Hoje, 35% dos projetos financiados são voltados para micro e pequenas empresas, que pagam a tarifa mais cara do mercado.

"O grande gargalo para a disseminação da tecnologia era financiamento, por isso entramos com a solução", diz Fabio Carrara, fundador da Solfácil.

A fintech oferece a possibilidade de o cliente trocar o seu gasto mensal com a conta de luz pelo valor da parcela do sistema, com a perspectiva de recuperar o investimento total entre três e quatro anos.

Até o fim de 2021, a startup pretende lançar uma linha voltada a empresas rurais e alcançar R$ 1 bilhão em financiamentos concedidos.

No Sicred (Sistema de Crédito Cooperativo), a carteira para projetos de energia solar no país alcançou R$ 3,8 bilhões em maio, uma alta de 113% em relação ao mesmo mês de 2020. A maior parte (R$ 1,9 bilhão) foi para empresas. As taxas de juros são da ordem de 1% ao mês, e o prazo é de até 120 meses para pagar.

O Sicredi também oferece a modalidade de consórcio, na qual cotas podem ser utilizadas para aquisição de equipamentos para eficiência energética e geração de energia limpa —o que inclui geradores de energia eólica ou solar, dispositivos de iluminação de LED e aquecedores solares para água. A carteira é composta por R$ 1,2 bilhão em crédito, um crescimento de 44,5% em relação a 2020.

No Banco do Brasil, nos primeiros seis meses de 2021, a busca por financiamentos de sistemas de energia solar cresceu 41% em comparação ao mesmo período de 2020. Segundo o banco, eles têm atraído cada vez mais micro e pequenas empresas.

A linha mais usada para esse fim, a BB Financiamento, financia até 90% da aquisição e instalação de painéis solares, com juros a partir de 0,8% ao mês e prazo de até 60 meses, com três meses de carência.

O banco tem opções voltadas ao financiamento de usinas de geração de energia renovável (biomassa, eólica e solar) para empresas rurais.

Placas de energia solar instaladas da empresa Energy Brasil
Placas de energia solar instaladas da empresa Energy Brasil - Jardiel Carvalho/Folhapress


Na modalidade consórcio, é possível adquirir sistemas de energias renováveis com cotas de bens móveis (consórcio auto, moto e trator/caminhão). Os créditos são oferecidos a partir de R$ 8.600, com prazo de até 120 meses.

Entre os bancos privados, o Santander também aposta nas empresas do agronegócio. Desde o mês de junho, o banco melhorou as condições de financiamento para a energia fotovoltaica no campo, com taxas de juros a partir de 0,74% ao mês, prazo de até 96 meses e carência de 120 dias. As condições valem para empresas de todos os portes e pessoas físicas.

A demanda por financiamento de energia solar vem crescendo fortemente nos últimos cinco anos, de acordo com Franco Fasoli, diretor de empresas, governo e instituições do Santander.

Entre 2015 e 2020, o banco financiou 50 mil instalações de sistemas, em um total de R$ 1 bilhão em crédito. Neste ano, a demanda segue aquecida —em junho a alta foi de 25% em relação ao mês anterior.

Na plataforma Meu Financiamento Solar, criada em 2020 pelo Banco BV para atender a demanda de pessoas físicas e jurídicas por projetos de energia solar, a alta nos pedidos de financiamento está diretamente ligada ao aumento do preço da conta de luz.

"Só nos últimos dois meses, tivemos um incremento de 50% nas solicitações de financiamento para pequenas empresas", diz Carolina Reis, diretora da plataforma do BV.

O banco oferece financiamento para energia fotovoltaica desde 2017, mas, no ano passado, criou a plataforma online e fez mudanças para atender aos pequenos. Ampliou o prazo da carência de 60 para 120 dias (o que garante que os clientes já notem economia na conta de luz) e de pagamento para 84 meses. Também passou a oferecer taxa de juros entre 0,75% e 0,98% ao mês.

Os estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio e Goiás lideram os pedidos.

Instituições que emprestam às MPMEs

Banco BV
A Plataforma Meu Financiamento Solar oferece CDC (crédito direto ao consumidor) para sistemas de geração de energia solar fotovoltaica
Taxa de juros Entre 0,75% a 0,98% ao mês
Prazo até 84 meses
Carência 120 dias

Banco do Brasil
A linha BB Financiamento financia até 90% da aquisição e instalação de painéis solares, e a Agro Energia é destinada ao financiamento de usinas de geração de energias renováveis para empresas rurais. O banco oferece ainda a modalidade consórcio
Taxa de juros A partir de 0,8% ao mês
Prazo Até 60 meses
Carência 90 dias

Santander
Oferece financiamento de sistemas de energia solar e tem CDC voltado a tecnologias limpas
Taxa de juros A partir de 0,74% ao mês
Prazo Até 96 meses
Carência 120 dias

Solfácil
Financia sistemas de energia solar entre R$ 10 mil e RS 500 mil
Taxa de juros 1,3% ao mês (custo efetivo total)
Prazo Até 120 meses
Carência 180 dias

Sicredi
Tem financiamento de sistemas de energia solar e consórcio para compra de equipamentos
Taxa de juros 1% ao mês
Prazo Até 120 meses
Carência Varia conforme a operação

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