O empreendedorismo foi a saída para que o casal de venezuelanos Alba Salcedo, 33, e Gabier Rangel, 36, pudesse permanecer em Belém (PA), depois que chegou ao fim o período de serviço de Gabier como diplomata no Brasil, em 2018.
Na época, Gabier e Alba decidiram não retornar à Venezuela por causa da situação política e econômica do país —em 2018, a inflação era de 1.300.000%.
“A intenção era, originalmente, voltar para a Venezuela. No meu caso, era para ser professor universitário e no caso dela [Alba], continuar a carreira como jornalista. Aí, na hora de voltar a crise estava piorando. Pensamos que voltar não era tão bom, principalmente para o nosso filho”, diz Gabier.
A história é tema do décimo episódio da série Negócios Plurais, sobre empreendedorismo e diversidade, realizada pela Folha em parceria com o Instagram. Toda semana, o jornal publica em seu perfil na rede social relatos em vídeo de empreendedores de todas as regiões do país.
Sem conseguir encontrar oportunidades de emprego em Belém, Gabier e Alba decidiram investir em uma hamburgueria que começou na cozinha de casa e funcionava apenas por delivery. A ideia deu certo e, quando os clientes começaram a perguntar se a marca, chamada Nagoa, tinha um ponto físico, o casal resolveu alugar um espaço.
A mudança veio junto com uma transformação de proposta: o casal decidiu deixar a ideia da hamburgueria para investir em um casa especializada em comida e música latina.
O projeto, chamado Siguaraya, tem no cardápio itens como arepas (tipo de pão consumido em países latinos, feito com farinha de milho), que são servidos ao som de bachata e merengue —estilos de músicas e danças com origem na República Dominicana.
“Quando um paraense ou brasileiro chega ao Siguaraya e escuta a música, ele começa a se mexer. Está no sangue da pessoa. Foi bonito a gente ver essa conexão”, diz Gabier.
O empreendedor explica que o negócio começou com um menu moderado, que foi incorporando pratos menos conhecidos da cozinha venezuelana —como a fosforera, uma sopa— e receitas de outros países latinos, como a la birria, de origem mexicana.
Nesse processo, Gabier conta que as redes sociais foram aliadas porque, com ajuda de imagens e descrições, os clientes conseguiam entender melhor e se familiarizar com a cozinha.
A gente sabia que a gastronomia paraense é muito forte. Então, não era fácil chegar em um lugar que já tinha comidas típicas bem marcantes. Eu sinto que essa confiança foi mudando
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