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Aplicativos criam redes de apoio para facilitar rotina de mães

Empreendedoras usam tecnologia para driblar solidão materna e tirar dúvidas sobre saúde e bem-estar

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São Paulo

Plataformas criadas por mulheres ajudam mães a tomar decisões sobre a rotina dos bebês, compartilhar informações e tirar dúvidas sobre a criação dos filhos. Em expansão, esse mercado de tecnologia aliada à maternidade ainda tem muito espaço para crescer no Brasil.

Para Camilla Canotilho, analista de negócios do Sebrae, a startup que conseguir tornar mais leve a rotina de uma mãe vai ter um diferencial e navegar num mercado que hoje ainda é de baixa concorrência.

De acordo com ela, ainda faltam iniciativas que olhem e atendam as necessidades das mães brasileiras.

Levar informação com agilidade e segurança sobre alimentação infantil é o objetivo da empreendedora Erika Baldiotti, 38, educadora alimentar e idealizadora do app Mundo BLW, sobre introdução alimentar, lançado em 2018.

Erika Baldiotti, 38, fundadora do aplicativo Mundo BLW, com as filhas Diana, 6, e Olivia, 8
Erika Baldiotti, 38, fundadora do aplicativo Mundo BLW, com as filhas Diana, 6, e Olivia, 8 - Folhapress

O aplicativo reúne receitas, cardápios e orientações sobre alimentação na primeira infância. O nome, BLW, vem do inglês Baby-Led Weaning, que s ignifica o desmame guiado pelo bebê. O método dispensa papinhas e incentiva a mastigação e o contato com alimentos de diferentes texturas.

Erika é autora de um livro sobre o tema. O conteúdo foi ponto de partida para a criação do aplicativo.

A primeira versão do app teve pouco investimento, cerca de R$ 3.000, segundo a empreendedora. Ela e o sócio, Felipe Matos, 40, que é desenvolvedor, fizeram a parte operacional do aplicativo.

Depois de notar o sucesso e o alcance da aplicação, que hoje tem 35 mil downloads, decidiram que era hora de fazer um plano de negócios e conseguiram um aporte da Hestia Venture, fundo que investe em empresas com foco em primeira infância.

Érika testou diferentes modelos para sustentar financeiramente o aplicativo. O primeiro foi a cobrança de pagamento único para baixar o Mundo BLW. Depois, depois a abertura para download gratuito. A mais recente e mais bem-sucedida, de acordo com ela, é o modelo freemium, usado atualmente.

Nele, usuários podem baixar o app gratuitamente e ter acesso a parte do conteúdo. Quem opta pela versão paga, com assinatura mensal de R$ 7,90 ou anual de R$ 49, tem acesso a conteúdo extra, como roteiros educativos apresentados por Érika.

A empresa sem hoje seis funcionários, que trabalham em esquema remoto, e não revela seu faturamento.

A crença de que é preciso conhecer profundamente ferramentas da tecnologia, como desenvolvimento, para colocar um negócio digital em funcionamento ainda afasta empreendedoras deste ramo, diz Canotilho, do Sebrae.

Um desafio frequente ao tentar alavancar estes empreendimentos é que o ramo da tecnologia em geral "parece algo que não é feito para as mulheres", diz Maria Candida Torres, professora do MBA de empreendedorismo e novos negócios da FGV.

As especialistas concordam ao indicar programas de aceleração e incubadoras para superar estes obstáculos e conhecer as melhores ferramentas para alavancar um negócio do tipo.

Para quem conseguir estruturar uma boa solução para problemas da maternidade, o caminho é promissor.

Socialmente, o trabalho do cuidado com os filhos ainda é visto como responsabilidade feminina e no universo do empreendedorismo não é diferente. "Quem olha para os desafios e as dores específicas da maternidade são as mulheres, então são elas que vão empreender procurando soluções para esses problemas", diz Torres, da FGV.

Apesar do número recorde de mulheres donas de negócios, 10,3 milhões no segundo trimestre de 2022, segundo o Sebrae, elas ainda são minoria. Representam 34,4% do total de empreendedores do país, homens são 65,6% (19,7 milhões). O estudo utilizou dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE.

"O que elas buscam são informações para se sentirem mais seguras." A criação de comunidades, diz Torres, melhora a experiência das usuárias, que querem acolhimento e também escapar da solidão e da insegurança que envolve gestar e educar uma criança.

Esse é o caso do Benditas Mães, aplicativo que faz um "match" entre mães, gestantes e tentantes (quem busca engravidar) para que elas possam trocar experiências.

Duas mulheres brancas, lado a lado, apoiam os braços em uma mesa; cada uma segura um celular
Tais Saraiva (esq.) e a sócia Mariana Bertiz, idealizadoras do Benditas Mães, app que faz 'match' entre mulheres e seus interesses no universo do bem-estar infantil - Divulgação

Quem se cadastra, coloca no app quais os assuntos de interesse, como amamentação, gestação ou introdução alimentar. O passo seguinte é participar de fóruns e se conectar com outras mães, conta Tais Saraiva, 43, fundadora.

Hoje, o foco da empresa é a produção de conteúdo sobre bem-estar materno-infantil e o compartilhamento das experiências das mães. Para chegar nesse modelo, que se sustenta principalmente da venda de publicidade, Tais e a sócia, Mariana Bertiz, 38, passaram por diversos programas de aceleração.

"Foi um processo árduo de evolução para conhecer qual o melhor modelo de negócio. Vimos na criação de conteúdo uma oportunidade para entregar o que nosso público busca", diz ela, que afirma estar estudando o lançamento de cursos para preparar gestantes e tentantes para a chegada das crianças.

Tais e Mariana já empreendiam antes de abrir o aplicativo. Elas tinham um ecommerce de produtos para enxoval. Foi com a venda do negócio, em 2019, que investiram no aplicativo. Para Tais, a estrutura enxuta permite a sustentabilidade da empresa, a equipe fixa é composta apenas pelas duas sócias, que não revelam quanto faturam.

O aplicativo é gratuito e aprofunda o conteúdo publicado no blog e nas redes sociais do Benditas Mães feito por pediatras, nutricionistas e outras profissionais parceiras.

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