Empresas veem aumento na procura por portas blindadas e mudança no perfil de cliente

O estado de São Paulo registrou, até agosto deste ano, 2.460 roubos a residências e condomínios

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Sorocaba (SP)

A comissária de voo Samantha (nome fictício), 34, chegou em casa, em junho deste ano, e encontrou uma viatura da polícia à sua espera. Sua residência, na Vila Guarani, zona sul de São Paulo, havia sido invadida. Ela mora no local há mais de 20 anos.

O invasor arrombou a porta de madeira maciça com um pé de cabra e roubou dois colares de prata, além de levar R$ 15 mil em joias do vizinho.

A polícia, conta, recomendou que ela investisse em segurança. Samantha instalou câmeras e colocou corrente e cadeado no portão.

Também trocou a porta por uma blindada, que vem ganhando espaço nas casas paulistanas desde a pandemia.

A imagem mostra uma porta branca; a fechadura possui quatro travas
Modelo de fechadura das portas blindadas vendidas pela empresa Titan - Divulgação

A empresa THT, criada na Espanha há 30 anos e há 12 anos no Brasil, já instalou 350 desses modelos só no primeiro semestre deste ano. Em 2022, foram 600.

A companhia tem portas blindadas que resistem a arrombamentos, em quatro níveis de segurança, com diferentes números de fechaduras e espessura de chapas de aço, afirma Bárbara Viana, executiva de contas da empresa.

Segundo Viana, por oferecer serviços para todo o Brasil, a maior parte das vendas acontece online, mesmo para quem mora em São Paulo.

A empresa tem um showroom no bairro da Mooca, na zona leste da capital paulista. São cerca de 30 funcionários, sem contar representantes e o setor comercial.

As portas são vendidas por cerca de R$ 6.000, o que inclui batentes, dobradiças, fechaduras, maçanetas, conjunto de cinco cópias de chaves codificadas e olho mágico.

O estado de São Paulo registrou, até agosto deste ano, 2.460 roubos a residências e condomínios residenciais e 36.319 mil furtos, segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública).

O número de roubos é 11,3% menor em comparação com o mesmo período do ano passado (2.776 casos). Por outro lado, o número de furtos aumentou 0,6% (36.068 casos).

Questionada sobre o número de roubos e furtos, a SSP afirmou que a Quarta Delegacia de Roubos e Furtos a Residências e Condomínios, da Divisão de Investigações sobre Crimes contra o Patrimônio do Deic, realiza ações constantes visando a identificação de quadrilhas especializadas em roubos e furtos a residências e condomínios.

Outra empresa que atua no segmento é a Titan Portas e Fechaduras. O CEO, Bruno Paixão, explica que os períodos de crise aumentam a procura por segurança. "Tivemos um boom na pandemia, chegamos a vender 2.000 portas em um ano", afirma.

Localizada no bairro do Campo Belo, na zona sul de São Paulo, a empresa comercializa portas de segurança, fechaduras e outras peças há 16 anos.

O empresário afirma que a maior parte das vendas é para apartamentos.

"Os casos de bandidos que invadem um prédio se passando por moradores e roubam três ou quatro apartamentos de um mesmo andar têm se tornado comuns. Em alguns meses, nossas vendas são só para apartamentos", conta. As portas custam entre R$ 4.000 e R$ 6.000 já com a instalação.

Assim como Paixão, Viana, da THT, atribui à pandemia o aumento na procura, mas sentiu um aumento recente na demanda.

"Cresceu a procura durante a Covid-19, em meados de 2020, mas neste ano, com o aumento dos roubos a partir de abril, tivemos um incremento de cerca de 20%", conta a executiva de contas.

Daniela Selari, gerente de operações da Fort Safe, sediada na capital paulista, afirma que empresas e órgãos públicos procuram mais por porta blindadas, mas, nos últimos anos, tem crescido o interesse de pessoas físicas.

Diferentemente da Titan e da THT, a Fort Safe também comercializa outros equipamentos, como cofres, estantes e armários.

"A ideia no passado era que apenas grandes empresas, joalherias e pessoas ricas possuíam um cofre em casa, mas isso tem mudado, e o mercado de segurança tem se reinventado para atender o consumidor", afirma.

Os modelos variam de porta forte, porta de segurança e porta blindada, com variação na espessura e na composição de cada uma. Com valores de R$ 6.000 a R$ 20 mil, as portas resistem ao fogo e, em alguns casos, até a tiros de fuzil.

Com um investimento inicial em torno de R$ 150 mil em 2006, hoje a empresa fatura, em média, R$ 250 mil por mês.

São 25 funcionários e duas lojas físicas, uma no bairro da Mooca, assim como a THT, e outra em Jaraguá do Sul (SC).

A empresa faz a maior parte das vendas a distância, pelo site, WhatsApp e telefone.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior deste texto dizia que a empresa Fort Safe fatura R$ 250 mil por ano. Esse é o valor do faturamento mensal.

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