Boom da energia solar no país abre espaço para pequenos empresários

Queda no preço das placas e incentivos fiscais contribuem para expansão

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José Carlos Videira
São Paulo

O setor de energia solar tem gerado oportunidades de negócios no país. Desde 2012, o segmento acumula R$ 189,4 bilhões de investimentos, tendo criado 1,2 milhão de empregos nesse período, segundo dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

Este é o melhor momento para o mercado, na opinião de Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho da entidade. Segundo ele, o preço das placas solares caiu mais de 50% no ano passado, reduzindo, portanto, o tempo de retorno do investimento. Na outra ponta, a diminuição do custo da energia é bem-vinda, sobretudo, entre as pequenas e médias empresas, o que garante a demanda crescente.

"O principal fator que ainda inibe esse crescimento é o desconhecimento", diz.

Emerson Oliveira, franqueado do Portal Solar, em condomínio atendido por ele, em São Paulo
Emerson Oliveira, franqueado do Portal Solar, em condomínio atendido por ele, em São Paulo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Também contribuem para o cenário positivo o câmbio favorável, incentivos fiscais e o modelo de compensação total da energia solar injetada na conta final do consumidor, afirma Lorena Roosevelt, gestora do Polo Sebrae de Energias Renováveis.

Não à toa, o Brasil encerrou o ano passado com 2,3 milhões de sistemas fotovoltaicos instalados. O número de potenciais consumidores no país é de 89 milhões.

"O segmento de energia solar fotovoltaica, especialmente no mercado de geração distribuída, é dominado por pequenas empresas, fornecedores de bens e serviços e por consumidores de energia limpa", diz a especialista.

Dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising) mostram que as franquias de energia solar somaram, no ano passado, 1.307 unidades, com 15 marcas no setor.

Em busca de uma área promissora para empreender, o publicitário Emerson Oliveira se tornou franqueado da rede Portal Solar, em junho de 2022. Com carreira na área comercial, optou pelo modelo de franquia para que pudesse aproveitar a sua experiência profissional e ter a retaguarda da franqueadora nas áreas técnicas e operacionais.

O Portal Solar surgiu há dez anos como um guia de compras de produtos para gerar energia solar e indicações de instaladores. Transformou-se em franquia em 2021 e hoje tem 200 unidades.

Emerson conta que o seu faturamento mensal é de R$ 200 mil e que seu foco de mercado são os condomínios de prédios e de casas. "O desafio de trabalhar com condomínio é que a decisão pelo fechamento do projeto é lenta, mas o retorno é maior", diz.

O empreendedor atua no modelo de microfranquia, sem necessidade de um ponto de venda. Ele diz que, em cerca de quatro meses, recuperou seu investimento inicial.

Emerson trabalha das 8h às 19h, de segunda a sábado. "Gasto 70% do meu tempo na rua, visitando clientes e fazendo prospecção."

Uma franquia do Portal Solar custa R$ 20 mil, segundo Rodolfo Meyer, CEO da marca. Inclui um iPad, um drone e um programa para auxiliar na medição das instalações, além de treinamento em EAD e presencial, de 60 a 80 horas.

"É uma operação bastante tecnológica, com o trabalho do franqueado de levantamento de todas as informações locais para a implantação do sistema pela nossa equipe", afirma.

Há também boas oportunidades para empresas que se dedicam a atender a consumidores que não querem ou não podem produzir a própria energia. É o caso da Sun Mobi, fundada em 2016 pelo historiador Alexandre Bueno e seu sócio, o engenheiro eletricista Guilherme Susteras.

Os dois vislumbraram espaço para lançar serviço de acesso à energia solar a quem não tinha possibilidade de investir num sistema próprio.

O cliente adere à plataforma e passa a pagar uma mensalidade para usufruir do crédito oriundo da energia gerada em oito fazendas solares da Sun Mobi, próprias e terceirizadas, em São Paulo e no Paraná. Com capacidade instalada de 22,5 MW, a estrutura atende a cerca de mil clientes em 903 municípios.

"A vantagem desse sistema é que não é preciso fazer obra", afirma Bueno. Para este ano, a previsão é que o número de clientes dobre, assim como o faturamento, que deve chegar a R$ 17 milhões.

Outra empresa do setor que vem dobrando receitas é a SolarZ, de Mossoró (RN). Criada em 2020, oferece serviço de monitoramento para as empresas integradoras demonstrarem a eficiência do sistema para seus consumidores e investe na criação de ferramentas e soluções para facilitar a gestão dos negócios.

"Nossos clientes comercializaram 650 mil instalações solares pelo país e precisam de ferramentas para gerenciar essa carteira de usuários, 92% deles residenciais", explica Thiago Talde, fundador.

Além de monitoramento, a SolarZ criou ferramentas de dimensionamento de equipamentos, de soluções de comunicação, de geração de propostas, entre outras.

De acordo com o empresário, a previsão é terminar este ano com R$ 18 milhões de receita, um número 56% maior que o de 2023, que já tinha dobrado em relação a 2022.

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