Saiba mais sobre a produção de bombas cluster no Brasil
O Brasil é um dos 34 países do mundo que fabricam bombas cluster. De acordo com o Ministério da Defesa, apenas duas empresas nacionais produzem tais armamentos.
Uma delas é a Avibras Aeroespacial SA, sediada em São José dos Campos (91 km a nordeste de São Paulo), de acordo com informações fornecidas pelo major-brigadeiro Jorge Cruz de Souza e Mello, diretor de Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa.
Segundo ele, o Astros 2 [sigla em inglês para sistema para foguete de saturação de artilharia] -- é construído pela empresa para lançar foguetes que carregam munição cluster.
Os armamentos têm uma quantidade variável de submunições, dependendo do pedido.
Além de fornecer equipamentos para o Exército Brasileiro, a Avibras já exportou o sistema Astros.
No entanto, o Ministério da Defesa diz que não possui detalhes da existência de contratos de exportação atualmente em vigência.
Outra empresa brasileira que fabrica os armamentos cluster é a Ares Aeroespacial e Defesa, sediada no município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Segundo Mello, os armamentos são fornecidos exclusivamente para a Força Aérea Brasileira.
As bombas lança-granadas contêm ogivas com munições cluster e são usadas para lançamento por aeronave, explica o major-brigadeiro.
Os dados sobre a quantidade de produção e comercialização das munições cluster são sigilosos, de acordo com Mello. As duas empresas não responderam à solicitação da Folha Online de informações sobre a produção e comercialização de tais armamentos.
Exportação
O site da Ares apresenta descrições dos produtos bélicos usados para a defesa aérea. Uma delas delas apresenta em idioma espanhol a "cabeça carga de subprojéteis".
A arma tem 2.200 submunições com o formato de flecha. Depois de disparada, a cabeça libera as flechas após um tempo de vôo programado. "O efeito de saturação criado pelos subprojéteis é especialmente eficiente contra as concentrações de pessoas, veículos, materiais e equipamentos diversos", diz o site da empresa na internet.
O site diz ainda que a empresa ampliou seus mercados de atuação já tendo exportado para diversas nações amigas, tais como Colômbia, Chile e Venezuela.
Já o site da Avibras revela que o sistema Astros "foi provado em combate em duas grandes guerras no Golfo Pérsico, nas décadas de 80 e 90".
Em seu site na internet, a Coalizão contra as Bombas Cluster, campanha mundial contra tais armamentos, informa que a Avibras transferiu equipamentos para o Iraque, Irã e Arábia Saudita.
De acordo com o major-brigadeiro Jorge Cruz de Souza e Mello, a exportação das munições cluster é totalmente controlada. Os pedidos são enviados ao Ministério das Relações Exteriores, que analisa a "conveniência política desse armamento ir para um outro país", e também pela Ministério da Defesa, que analisa a "conveniências estratégica do comércio".
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