Descrição de chapéu Governo Trump

Proposta de orçamento de Trump eleva gasto militar

Texto levado ao Congresso prevê verba do Departamento de Estado 28,5% menor

Patrícia Campos Mello
São Paulo

O presidente Donald Trump apresentou nesta segunda (12) uma proposta de Orçamento que prevê aumento de US$ 195 bilhões em gastos militares em dois anos, recursos para o muro na fronteira com o México, cortes em assistência social e um acréscimo de US$ 7,1 trilhões ao deficit ao longo de dez anos.

A proposta orçamentária de US$ 4,4 trilhões precisa passar pelo Congresso, que tradicionalmente não aprova o texto nos moldes em que é apresentado. Mas o plano é interpretado como o mapa das prioridades da Casa Branca para o ano fiscal, que começa em outubro.

O presidente Donald Trump durante reunião na Casa Branca sobre infraestrutura - AFP

Na semana passada, democratas e republicanos fecharam acordo que subiu em US$ 300 bilhões o teto de gasto militar e programas domésticos. Mas o orçamento de Trump, na tentativa de agradar aos conservadores que se opõem ao grande deficit previsto, determina cortes nos programas domésticos para contrabalançar a elevação nos gastos em defesa.

As reduções atingem o Medicare, programa de assistência de saúde do governo que beneficia 55 milhões de idosos, o Medicaid, para pessoas de baixa renda, e o programa de cupons de alimentos para famílias pobres.

Perdem também os orçamentos da Agência de Proteção Ambiental e da Agência de Ciência e Tecnologia, que perderão cerca de um terço dos fundos no próximo ano.

O Departamento de Estado e a agência de ajuda humanitária externa dos EUA (Usaid) também veem seu orçamento encolher, na proposta, de US$ 55 bilhões para US$ 39,3 bilhões um corte de 28,5%.

Os democratas já indicaram que irão se opor.

"A proposta de Trump deixa claro seu desejo de fazer cortes maciços em assistência médica e programas contra a pobreza para aliviar a explosão no deficit causada por seus cortes de impostos para milionários e grandes empresas", disse o deputado democrata John Yarmuth.

A proposta inclui US$ 716 bilhões para gastos militares e manutenção do arsenal nuclear. "Nossas Forças Armadas estavam totalmente depauperadas, e agora teremos Forças Armadas como nunca tivemos antes", disse Trump.

Com o corte de impostos de US$ 1,5 trilhão aprovado em dezembro, mais o novo teto de gastos, a Casa Branca fará a maior expansão de gastos desde a crise de 2008, quando a elevação do deficit visava reaquecer a economia.

Mas agora essa expansão fiscal é alvo de críticas, porque a economia está próxima do pleno emprego, e os gastos poderiam causar um processo inflacionário. A dívida pública líquida dos EUA já está em 82% do PIB, e o deficit chegará a 4,7% em 2019.

Estímulo

Trump vinha dizendo que os cortes de impostos estimulariam empresários a investir, aumentando a produção e, consequentemente, a arrecadação. Com isso, o corte de imposto seria compensado.

Mas agora prevê que o deficit na próxima década chegará a US$ 7,1 trilhão supondo um crescimento de 3% ao ano nos próximos 3 anos anos estimativa otimista.

Também inclui US$ 200 bilhões do plano de infraestrutura para recuperar pontes, estradas e outros. No plano, o gasto do governo alavancaria US$ 1,5 trilhão de investimento privado e dos Estados.

A proposta de Trump destina US$ 23 bilhões à segurança fronteiriça, sendo US$ 18 bilhões para construir o muro na divisa com o México. E pede US$ 13 bilhões para conter a epidemia de opiáceos.

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