Feridos em protesto superlotam hospitais de Gaza

Autoridades dizem que faltam cirurgiões vasculares e ortopédicos, devido aos tipos de ferimentos

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Palestino ferido é colocado em leito no corredor de hospital em Gaza - Mohammed Salem/Reuters
Gaza | Reuters

Os hospitais de Gaza ficaram lotados de pacientes feridos durante protesto na fronteira de Israel, à espera de tratamento, e de seus familiares, nesta terça-feira (15), após o dia mais letal para palestinos em anos de conflito com Israel.

Além dos 60 palestinos mortos pelas forças de Israel na segunda-feira (15), mais de 1.700 tiveram ferimentos que exigiam atenção hospitalar, afirmaram médicos de Gaza.

No Hospital Shifa, o maior dos 13 hospitais na faixa de Gaza, funcionários já haviam erguido barracas de campanha no pátio desde a semana passada, prevendo um grande número de vítimas nos protestos contra a transferência da Embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém. 

Bassem Ibrahim, 23, que disse ter levado um tiro israelense na perna, disse ter medo de perder o membro por causa da demora no atendimento.

"Não há muitos médicos. Eles não conseguem ver todo mundo, com todos esses feridos", disse Ibrahim. "Minha perna sangrou muito."

O diretor da emergência do Shifa, que tem apenas 20 leitos, disse ter recebido na segunda-feira 500 pacientes feridos.

"Estamos falando de 25 vezes a capacidade do departamento de emergência, com todos os grandes desafios e a falta de remédios e de suprimentos médicos, que atingiu níveis críticos", afirmou Ayman al-Sahabani. 

"Muitos desses pacientes estão esperando por sua vez para entrar na sala de operações", acrescentou. 

Sahabani afirmou que faltam principalmente cirurgiões ortopédicos e vasculares, por causa da natureza dos ferimentos sofridos. 

Autoridades de saúde palestinas disseram que 107 pessoas foram mortas por tiros israelenses e que ao menos 11 mil ficaram feridos desde o início dos protestos, em 30 de março.

Nicolai Mladenov, coordenador especial da ONU para o processo de paz do Oriente Médio, informou o Conselho de Segurança da ONU nesta teça que a infraestrutura precária de Gaza, incluindo longos blecautes, exige ação imediata.

"A partir de amanhã, as Nações Unidas, ao lado de parceiros internacionais, vão precisar focar e redobrar os esforços para implementar projetos que terão impacto imediato na melhora da eletricidade, da água e da situação de saúde, como uma questão de urgência", afirmou. 

Após um apelo das autoridades de saúde de Gaza, o Egito aceitou que alguns dos feridos fossem transferidos para hospitais no Cairo. 

Alaa al-Wadeiah, 35, estava entre os feridos que esperavam a transferência para o Egito para que sua perna fosse amputada. 

"Não lamento o que aconteceu comigo. Mesmo depois de ter perdido a perna, voltarei para a fronteira", disse o palestino, desempregado e pai de quatro. 

O uso de munição real por parte de Israel durante a contenção dos manifestantes no protesto de segunda motivou críticas internacionais, mas o governo israelense disse que estava protegendo suas fronteiras e sua população. 

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