Descrição de chapéu Príncipe Harry

Simbiose e conflito marcam relação entre paparazzi e realeza britânica

Às vésperas de casamento real, relação com imprensa de celebridades volta ao divã

Coral da capela de São Jorge, em Windsor (Reino Unido), ensaia antes do casamento do príncipe Harry com Meghan Markle
Coral da capela de São Jorge, em Windsor (Reino Unido), ensaia antes do casamento do príncipe Harry com Meghan Markle - Steve Parsons - 14.mai.2018/Reuters
Daniel Buarque

Às vésperas de entrar oficialmente para a família real britânica, a atriz americana Meghan Markle descobriu o quão problemática é a relação da realeza com a imprensa de celebridades.

Menos de uma semana antes de se casar com o príncipe Harry, ela viu seu pai, Thomas Markle, transformar-se no centro das atenções.

Ele deveria conduzi-la ao altar no sábado (19), em Windsor, mas anunciou que não viajaria para o Reino Unido devido a problemas de saúde.

Na verdade, estaria sob forte pressão depois de ter sido acusado de posar para um paparazzo, que venderia as fotos por 100 mil libras (cerca de R$ 500 mil), forjando um flagra. O caso virou ouro nas mãos dos tabloides ingleses.

Desde o século passado, os paparazzi estão presentes nos momentos mais importantes da realeza.

Captaram casamentos, separações e nascimentos. Em 1997, testemunharam a morte da princesa Diana e chegaram a ser responsabilizados por ela.

A relação entre a imprensa de celebridades e a família real é de simbiose, explica Olivier Driessens, especialista em estudos de celebridades e professor da Universidade de Copenhagen.

“Se os paparazzi operam dentro de certos limites e respeitam a vida das celebridades, há uma relativa aceitação deles”, disse.

Quando há uma quebra desse “acordo”, completa Driessens, aparecem os problemas e os processos judiciais. Analistas discutem o quanto a paz foi rompida no caso do pai de Meghan.

A morte de Diana foi uma dessas rupturas e é considerada um ponto de inflexão no mercado de paparazzi e na relação entre a monarquia britânica e a mídia de celebridades —que passou a ter mais respeito pela privacidade real.

Segundo Driessens, isso ocorreu porque o público se voltou contra os fotógrafos.

Os paparazzi se consolidaram como instituição na cobertura da realeza já na primeira metade do século 20. Para o historiador Ryan Linkof, que escreveu sobre a cobertura que a imprensa fez da relação entre o rei Eduardo 8º e a socialite Wallis Simpson, nos anos 1930, o aparecimento desse tipo de registro do cotidiano da realeza foi importante para o país porque a autoridade política da monarquia britânica é derivada de seu simbolismo.

Até a atuação dos paparazzi, esse simbolismo era controlado pela monarquia, via imagens oficiais. A partir dali, porém, a imprensa conseguiu surpreender os súditos. A Coroa comprou a ideia, mas, no fim do século, a mídia pareceu ter perdido os limites éticos.

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