Harvard dá constantemente notas mais baixas aos candidatos asiático-americanos do que aos de outras raças em traços como "personalidade positiva", simpatia, coragem, gentileza e ser "amplamente respeitados".
A constatação é resultado de uma análise de mais de 160 mil registros de estudantes e foi apresentada nesta sexta-feira (15) a um tribunal federal em Boston por um grupo que representa estudantes asiático-americanos em uma ação contra a universidade.
Os asiático-americanos tiveram notas mais altas que os candidatos de qualquer outro grupo racial ou étnico em critérios de admissão como notas em provas, classificação e atividades extracurriculares, segundo a análise encomendada por um grupo que é contra todos os critérios de admissão baseados em raças.
Mas as notas pessoais dos estudantes reduziram drasticamente suas probabilidades de ser admitidos, de acordo com a análise.
"Hoje Harvard pratica o mesmo tipo de discriminação e estereotipagem que usou para justificar cotas para candidatos judeus nos anos 1920 e 1930", disse o grupo Estudantes por Admissões Justas.
Os próprios pesquisadores de Harvard citaram um preconceito contra candidatos asiático-americanos em uma série de relatórios internos em 2013. Mas a universidade ignorou as conclusões, segundo os documentos do tribunal, e nunca os divulgou.
Esses e outros detalhes fazem parte de uma ação que acusa Harvard de sistematicamente discriminar os asiático-americanos, violando a lei de direitos civis.
Segundo os Estudantes por Admissões Justas, Harvard impõe o que é na verdade uma cota branda de "equilíbrio racial". Isso, de acordo com eles, mantém o número de asiático-americanos artificialmente baixo, enquanto promove candidatos brancos, negros e hispânicos menos qualificados.
Harvard defendeu vigorosamente seu processo de admissão nesta sexta-feira, dizendo que sua própria análise por especialistas não demonstrou discriminação.
A instituição atacou o fundador dos Estudantes por Admissões Justas, Edward Blum, acusando-o de usar Harvard para orquestrar uma contestação das admissões ligadas a fatores raciais que acabaria na Suprema Corte.
"A análise profunda e abrangente dos dados e evidências deixa claro que o Harvard College não discrimina candidatos de qualquer grupo, incluindo os asiático-americanos, cujo índice de admissão aumentou 29% na última década", disse a universidade.
"O senhor Blum e a análise de dados incompleta e enganosa de sua organização pintam uma imagem perigosamente imprecisa do processo de admissões."
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