O regime de Nicolás Maduro soltou neste domingo (3) os ex-deputados opositores Gilber Caro, Wilmer Azuaje e Renzo Prieto, Raúl Emilio Baduel, filho do ex-general Raúl Baduel, e outros 16 ativistas políticos na Venezuela.
Esta é a terceira retirada de presos políticos das cadeias desde a reeleição de Maduro na votação de 20 de maio, boicotada pela oposição e não reconhecida pelos EUA, pela União Europeia e por países das Américas com governos críticos ao ditador.
Das três levas, esta é a que tem o maior número de filiados a partidos antichavistas. Até então o único que havia sido solto era Daniel Ceballos, dirigente do Vontade Popular e acusado pelo regime de incitação ao ódio.
Entre os demais libertados há líderes estudantis, membros do Primeiro Justiça (centro-direita) e do Vontade Popular (direita), da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), e da Aliança Bravo Povo (direita), que deixou a frente.
Assim como Ceballos, porém, eles ficarão em liberdade condicional: terão que se reapresentar de 30 em 30 dias à polícia, não podem sair do país e estão proibidos de dar entrevistas ou fazer manifestações políticas públicas ou na internet.
A última proibição foi retirada para presos por participarem de protestos contra Maduro. Já os presos por ataques a opositores ou em atos por problemas como a falta de energia elétrica não têm nenhum tipo de restrição.
As solturas ocorrem às vésperas da Assembleia Anual da OEA (Organização dos Estados Americanos), que começa nesta segunda em Washington e que deve ter a situação da Venezuela como principal assunto.
Neste domingo, o embaixador americano no órgão, Carlos Trujillo, disse ter o apoio de dois terços dos 35 membros para colocar em votação uma resolução para reconhecer o resultado da eleição presidencial de 20 de maio.
Também alegou ter a maioria simples de 18 países para aprová-la. “Passar essa resolução é o primeiro passo para passar a suspensão”, disse Trujillo, em referência ao desejo americano de afastar a Venezuela da OEA.
Os EUA, o Canadá e países latinos com governos críticos a Maduro tentaram suspender o país em 2017, mas não tiveram os dois terços necessários —Caracas recebeu o apoio de aliados como a Bolívia e países do Caribe que recebem petróleo venezuelano subsidiado.
Embora defendida pela Casa Branca como um passo de pressão, a suspensão não deverá ter efeito prático, já que a Venezuela está em processo de saída da OEA justamente pela tentativa de votação de seu afastamento.
Uma das principais bases da reunião será o relatório feito por especialistas independentes a pedido da organização em que se acusa Maduro de crimes contra a humanidade devido à repressão a opositores e à crise humanitária.
O secretário-geral, Luis Almagro, disse ter o apoio de quatro países para apresentar o documento ao Tribunal Penal Internacional. O presidente do Chile, Sebastián Piñera, manifestou seu apoio à proposta de enviar o informe.
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