Descrição de chapéu Venezuela

Após promessa de Maduro, regime solta 20 presos políticos na Venezuela

Libertados fizeram protestos contra apagões, mas não têm relação com oposição política

De terno preto, gravata vermelha e camisa branca, Maduro usa a faixa e o colar presidencial e ergue o punho esquerdo em uma das tribunas da Constituinte
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, comemora sua diplomação na Assembleia Constituinte, composta por seus aliados, na quinta-feira (24) - Marco Bello - 24.mai.18/Reuters
Caracas e São Paulo | Associated Press e AFP

O regime de Nicolás Maduro libertou nesta sexta-feira (25) 20 pessoas que haviam sido capturadas em protestos no estado de Zulia, no noroeste da Venezuela, um dia após o ditador dizer que soltaria adversários presos.

A promessa foi feita pelo mandatário ao ser empossado pela Assembleia Constituinte composta por aliados para, diz ele, “superar as feridas” das badernas e das conspirações, forma como chama os protestos contra ele.

Segundo Alfredo Romero, diretor da ONG Fórum Penal Venezuelano, os libertados participavam de protestos contra os apagões e a falta da energia elétrica e aparentemente não têm relação com a oposição política ao regime.

O ativista, porém, pondera que a ditadura tem o costume de libertar opositores enquanto prende ou desaparece com outros. “Já virou rotina. A libertação dos presos políticos não é um favor, mas uma obrigação”, disse.

Como exemplo, cita a série de capturas de membros das Forças Armadas, que diz terem sido 80, e as prisões de um cirurgião e um major na quinta-feira (24) por suspeita de traição à pátria e insubordinação aos superiores.

A última liberação em massa de presos foi feita no final de 2017, em meio às negociações do regime com a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), quando 80 pessoas foram soltas, incluindo um ex-prefeito.

As negociações fracassaram em janeiro, quando a frente não aceitou as condições eleitorais impostas por Maduro e decidiu boicotar o pleito do último domingo (20), no qual o mandatário foi reeleito com 68% dos votos.

Uma das reivindicações opositoras que não foram aceitas pelo regime era a soltura dos presos políticos. A ditadura considera-os conspiradores, especialmente dirigentes como Leopoldo López, cotado para disputar a Presidência.

O Fórum Penal Venezuelano estima que ainda existam 350 opositores encarcerados na Venezuela. Desde a eleição as autoridades também apertaram o cerco contra a imprensa e a oposição que não reconheceu o pleito.

Nesta sexta, a Comissão Nacional de Telecomunicações exigiu ao canal Globovisión, politicamente neutro, que se abstenha de exibir conteúdos e mensagens “que desconheçam as autoridades legitimamente constituídas”.

A notificação foi feita após a emissora exibir entrevista com o ex-candidato Alejandro Ratti, que chamou a votação de fraudulenta e clamou pela destituição da diretoria do Conselho Nacional Eleitoral, quase toda pró-regime.

O órgão havia aberto na terça-feira (22) um processo contra o site do jornal opositor El Nacional. Além de divulgar a opinião de políticos que boicotaram o pleito, a publicação usa aspas para se referir às eleições de domingo.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.