O regime de Nicolás Maduro libertou nesta sexta-feira (25) 20 pessoas que haviam sido capturadas em protestos no estado de Zulia, no noroeste da Venezuela, um dia após o ditador dizer que soltaria adversários presos.
A promessa foi feita pelo mandatário ao ser empossado pela Assembleia Constituinte composta por aliados para, diz ele, “superar as feridas” das badernas e das conspirações, forma como chama os protestos contra ele.
Segundo Alfredo Romero, diretor da ONG Fórum Penal Venezuelano, os libertados participavam de protestos contra os apagões e a falta da energia elétrica e aparentemente não têm relação com a oposição política ao regime.
O ativista, porém, pondera que a ditadura tem o costume de libertar opositores enquanto prende ou desaparece com outros. “Já virou rotina. A libertação dos presos políticos não é um favor, mas uma obrigação”, disse.
Como exemplo, cita a série de capturas de membros das Forças Armadas, que diz terem sido 80, e as prisões de um cirurgião e um major na quinta-feira (24) por suspeita de traição à pátria e insubordinação aos superiores.
A última liberação em massa de presos foi feita no final de 2017, em meio às negociações do regime com a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), quando 80 pessoas foram soltas, incluindo um ex-prefeito.
As negociações fracassaram em janeiro, quando a frente não aceitou as condições eleitorais impostas por Maduro e decidiu boicotar o pleito do último domingo (20), no qual o mandatário foi reeleito com 68% dos votos.
Uma das reivindicações opositoras que não foram aceitas pelo regime era a soltura dos presos políticos. A ditadura considera-os conspiradores, especialmente dirigentes como Leopoldo López, cotado para disputar a Presidência.
O Fórum Penal Venezuelano estima que ainda existam 350 opositores encarcerados na Venezuela. Desde a eleição as autoridades também apertaram o cerco contra a imprensa e a oposição que não reconheceu o pleito.
Nesta sexta, a Comissão Nacional de Telecomunicações exigiu ao canal Globovisión, politicamente neutro, que se abstenha de exibir conteúdos e mensagens “que desconheçam as autoridades legitimamente constituídas”.
A notificação foi feita após a emissora exibir entrevista com o ex-candidato Alejandro Ratti, que chamou a votação de fraudulenta e clamou pela destituição da diretoria do Conselho Nacional Eleitoral, quase toda pró-regime.
O órgão havia aberto na terça-feira (22) um processo contra o site do jornal opositor El Nacional. Além de divulgar a opinião de políticos que boicotaram o pleito, a publicação usa aspas para se referir às eleições de domingo.
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