Após décadas de hostilidade, Etiópia e Eritreia retomam relações

Premiê etíope aceitou abrir mão de um território fronteiriço reivindicado pelo vizinho

Imagem de vídeo de canal da Eritreia mostra o presidente Isaias Afwerki ( de óculos) abraçando o premiê Abiy Ahmed da Eriópia, Abiy Ahmed, no aeroporto
Imagem de vídeo de canal da Eritreia mostra o presidente Isaias Afwerki (de óculos) abraçando o premiê Abiy Ahmed, da Etiópia, no aeroporto - EriTV/Associated Press
Adis Abeba (Etiópia) | AFP

O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, anunciou neste domingo (8) a normalização das relações de seu país com a Eritreia, após um encontro histórico com o presidente da nação vizinha que teve como objetivo exatamente acabar com as décadas de hostilidade.

"Entramos em acordo para retomar o tráfego aéreo e marítimo, para a circulação de pessoas entre nossos dois países e a reabertura das embaixadas", declarou Abiy Ahmed ao fim do encontro com o presidente Issaias Afwerki em Asmara, capital da Eritreia. 

A televisão oficial eritreia mostrou imagens dos dois dirigentes se abraçando no aeroporto, uma imagem inimaginável há alguns meses, já que os representantes dos dois países não se reuniam há quase 20 anos.

A reunião deste domingo foi organizada depois que Abiy anunciou há um mês sua vontade de ceder para a Eritreia um território fronteiriço disputado entre os dois. O local atualmente continua sendo ocupado ocupado pela Etiópia, apesar de uma sentença contrária de uma comissão independente internacional de 2002 apoiada pela ONU.

O rechaço da Etiópia em ceder o território bloqueava as relações bilaterais apesar de os países terem acabado com as hostilidades após a guerra que os opôs entre 1998 e 2000 e que deixou 80 mil mortos.

Em abril deste ano, Abiy, 42, chegou ao poder em Adis Abeba, o que abriu caminho para a normalização das relações.

Abiy lançou reformas sem precedentes no segundo país mais povoado da África. Entre as mudanças está o anúncio, no início de junho, de sua intenção de aplicar o acordo de Argel de 2000 assinado com a Eritreia e as conclusões da comissão internacional sobre os limites fronteiriços.

A iniciativa foi bem recebida pelo presidente eritreu.

A região em disputa inclui a cidade de Badme, cuja soberania foi outorgada à Eritreia em 2002. As tropas etíopes deveriam se retirar da área. Os últimos combates nessa zona foram registrados há dois anos.

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