Cristina Kirchner sofre novo processo por esquema de corrupção

Juiz pede que foro privilegiado seja levantado; senadora pode ser detida preventivamente

Sylvia Colombo
Buenos Aires

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner foi apontada nesta segunda-feira (17) pela Justiça como suspeita de integrar uma associação ilícita que cobrava subornos a empresários que, com isso, obtinham benefícios em forma de contratos com o Estado.

O juiz que investiga o caso, Claudio Bonadio, pediu que seja retirado o foro privilegiado que a ex-mandatária possui, por ser senador. Caso o Congresso aprove o pedido, Cristina poderá ser presa preventivamente.

A senadora Cristina Kirchner acena ao deixar corte em Buenos Aires - Alberto Raggio - 3.set.18/Reuters

O caso faz parte da investigação dos “cadernos da corrupção”, detonada no começo de agosto quando a Justiça recebeu uma cópia de vários cadernos de anotações pertencentes ao motorista Oscar Centeno, funcionário do Ministério do Planejamento durante os governos kirchneristas (2003-2015).

Neles, Centeno teria anotado, durante anos, as quantias contidas em bolsas e malas, além dos endereços onde eram entregues, nos quais eram carregados os valores em dinheiro efetivo destinados a vários políticos, entre eles o ex-presidente Néstor Kirchner, já morto, o ex-ministro Julio De Vido, que perdeu o foro e está preso por uma outra causa de corrupção e mais de dez ex-funcionários do governo kirchnerista.

Esta é a primeira investigação de porte em que a Justiça argentina está usando a figura do “arrependido”, parecida à da “delação premiada” brasileira. Para isso, ditou a prisão preventiva de vários empresários, que vêm firmando acordos para diminuir ou derrubar suas penas.

A decisão do juiz de incluir Cristina no processo se deu após informações obtidas de alguns desses empresários (os nomes não foram revelados) que informaram que a ex-presidente tinha consciência do esquema.

Este passa a ser o décimo processo em que Cristina está envolvida. Entre as outras causas nas quais está sendo processada estão as de enriquecimento ilícito quando ela e seu marido ocuparam o poder, o fato de ter comprado dólares com informação privilegiada, antes de desvalorizações do peso e lavagem de dinheiro por meio de seus hotéis e propriedades na Patagônia.

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