Descrição de chapéu Governo Trump

Milhares de manifestantes protestam contra juiz indicado por Trump nos EUA

Composto em sua maioria por mulheres, grupo recebeu apoio de democratas e de celebridades

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Grupo de cerca de 50 pessoas veste de preto e carrega uma faixa vermelha com a frase: "Nós acreditamos em todos os sobreviventes"
Grupo de manifestantes protesta no Senado dos EUA conta a nomeação de Brett Kavanaugh à Suprema Corte americana - Andrew Caballero Reynolds/AFP
Washington

Milhares de manifestantes protestaram nesta quinta (4) em Washington contra a nomeação do juiz conservador Brett Kavanaugh para a Suprema Corte dos Estados Unidos.

Ele foi acusado por três mulheres de agressão sexual, sendo que uma delas, Christine Blasey Ford, depôs na Comissão Judiciária do Senado americano. O juiz nega as acusações. A votação no plenário do Senado que pode alçá-lo à mais alta corte do país está prevista para este sábado (6). 

O ato foi organizado pela ACLU (American Civil Liberties Union), organização que luta pelos direitos e liberdades individuais dos americanos. Eles não souberam estimar exatamente quantas pessoas foram ao centro da capital americana. 

Os participantes —mulheres, em sua maioria— começaram a se reunir por volta das 12h (13h em Brasília) na Corte de Apelações do Distrito de Colúmbia, onde Kavanaugh atuava como juiz desde 2006, passaram pela Suprema Corte e seguiram para o Senado.

Bradavam frases como “Acreditem em sobreviventes, não em bêbados mentirosos”, “Kavanaugh não é bem-vindo aqui” e “Em novembro, nós vamos nos lembrar”, em uma referência às eleições legislativas de 6 de novembro, na qual os democratas podem recuperar maioria em ao menos uma das casas do Congresso, hoje com maioria republicana. 

A estudante Peyton Sander, 17, do estado de Connecticut, vestiu-se com os trajes que as servas da série de televisão "Handmaid’s Tale" usam. A trama retrata um futuro distópico no qual mulheres são subjugadas e, as férteis, transformadas em escravas sexuais. 

Para ativistas a favor da descriminalização do aborto, Kavanaugh também poderia representar um risco à autonomia das mulheres, já que tem posições conservadoras em relação ao tema e poderia reverter o Roe v. Wade, caso que legalizou o procedimento nos Estados Unidos. 

“A sua raiva foi convincente, mas não acredito mais nele do que na Dra. Ford”, disse Sander. “Se ele for escolhido, a mensagem será de que os homens não são responsáveis por suas ações.” 

Para a advogada aposentada Deborah Dupont, 67, a sua nomeação vai diminuir o prestígio da Suprema Corte. “Um juiz precisa ter a reputação imaculada, é um cargo muito estimado”, afirma. “Deus pode perdoá-lo, mas não o indicaria para a Suprema Corte.” 

Já a professora Aimee Ledwell, 43, de Massachusetts, está “apavorada” com a possibilidade de ele ser aprovado. Ela foi para o ato com o nome de cerca de dez amigas vítimas de algum tipo de abuso sexual escritos em seu braço. 

“Quero que meu filho cresça em um mundo melhor”, diz. “Não é aceitável ter alguém mentiroso na Suprema Corte.” 

O ato incluiu desde integrantes de movimentos como o feminista Code Pink até mães com filhos em carrinhos de bebê. 

A cantora Milck, a atriz Amy Schumer e a senadora Kirsten Gillibrand também participaram do ato. A senadora Elizabeth Warren, cotada para concorrer à Presidência em 2020, também apareceu no local rapidamente e foi muito aplaudida. 

Algumas poucas pessoas apoiaram Kavanaugh e Donald Trump durante a tarde, ostentando adereços com o slogan “Make America Great Again”. Um homem gritava “Deus abençoe Kavanaugh” e “Não sejam manipulados” em meio aos manifestantes. Ele disse que teve o celular quebrado e o cartaz, tomado por ativistas. Foi repreendido por gritos de “vergonha!” 

Oito sobreviventes de ataques sexuais —entre eles, um homem— subiram ao palco montado em frente à Suprema Corte pelos organizadores do ato. Eles se apresentaram e pediam para os senadores acreditarem nos sobreviventes. 

Algumas das mensagens foram direcionadas para os indecisos, como Susan Collins, Jeff Flake e Lisa Murkowski, cujos votos poderiam ser decisivos para a aprovação do juiz.

Quando a notícia de que a republicana Heidi Heitkamp votaria contra Kavanaugh foi divulgada, a plateia foi ao delírio. Uma parte dos manifestantes seguiu depois para o Senado no fim da tarde. Alguns deles foram detidos pela polícia do Capitólio, entre eles a atriz Amy Schumer.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.