Polícia da Nicarágua proíbe manifestação da oposição

Autoridades negaram direito de organizar marcha pedindo libertação de presos no domingo

Manágua | AFP

A polícia nicaraguense negou à oposição, nesta sexta-feira (23), uma autorização para se manifestar neste domingo, afirmando que não permitirá novas mobilizações de setores que participaram de um "frustrado golpe de Estado" nos protestos iniciados em abril contra o governo de Daniel Ortega.

A polícia "não autoriza nem autorizará mobilizações públicas a pessoas, associações ou movimentos que tenham participado e estão sendo investigados por suas ações na frustrada tentativa de golpe de Estado", disse o chefe de Segurança Pública, Luis Barrantes, lendo um comunicado.

Agentes dos choque em frente ao departamento de polícia de Manágua nesta sexta-feira (23)
Agentes dos choque em frente ao departamento de polícia de Manágua nesta sexta-feira (23) - Oswaldo Rivas/Reuters

Com a decisão, a polícia negou à principal aliança opositora, "Unidade Nacional Azul e Branco", a permissão solicitada há dois dias para o protesto no domingo.

A marcha pretendia pedir ao governo a libertação de 600 manifestantes que estão presos em condições "desumanas", dos quais mais de 60 foram condenados por "terrorismo" com base em uma nova lei que criminaliza os protestos, indicou a oposição.

A polícia, contudo, argumentou que o objetivo da oposição "é continuar promovendo atos de vandalismo e terrorismo para afetar as famílias nas comemorações" de fim de ano.

"A chamada Unidade Azul e Branco carece de pessoa jurídica e, portanto, não pode exercer direitos nem obrigações conforme o marco jurídico", afirmou a polícia.

O anúncio policial foi precedido por um aumento da presença das forças de ordem diante do edifício do privado Canal 100% Noticias (centro) e em alguns pontos da capital.

"Estamos cercados por policiais e multidões sandinistas que estão começando a dizer vulgaridades", denunciou a jornalista Lucía Pineda, diretora de Notícias do Canal 100%, um dos meios de comunicação que lideraram a cobertura dos protestos.

A tropa de choque também se mobilizou na estrada para Masaya, uma importante via da capital, onde a oposição planejava marchar no domingo.

A entrada da sede da Polícia Nacional em Manágua também foi reforçada com agentes antidistúrbios, o que impediu que os dirigentes da aliança opositora chegassem mais cedo para pedir permissão de mobilização.

Os jornalistas que estavam no local fazendo a cobertura foram retirados pela polícia, alguns dos quais intimidaram e empurraram um cinegrafista da AFP, Luis Sequeira.

A oposição disse que se pronunciará mais tarde sobre a proibição da polícia.

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