Eleição na Nigéria deixou 39 mortos e 128 presos, diz grupo da sociedade civil

Número é menor do que em eleições passadas, mas há temores de mais violência após sair resultado

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Abuja | Reuters

Ao menos 39 pessoas morreram e 128 foram presas em episódios relacionados à eleição na Nigéria, realizada no último sábado (23).

As informações foram divulgadas após a votação no país mais populoso da África pelo Situation Room, grupo que reúne mais de 70 organizações da sociedade civil, citando com fonte a consultoria SBM Inteligência, sediada na cidade de Lagos. Autoridades se preparam para a possibilidade de mais violência ao longo da semana.

O vice-inspetor geral da polícia nigeriana, Abdulmajid Ali, afirmou que a instituição ainda está apurando incidentes e por isso não pode divulgar um balanço de mortes. Ele disse, apenas, que os episódios foram mais graves nos estados sulistas de Rivers e Akwa Ibom.

Menino corre em local onde carros foram incendiados durante confronto entre apoiadores dos dois partidos que lideram a eleição na Nigéria
Menino corre em local onde carros foram incendiados durante confronto entre apoiadores dos dois partidos que lideram a eleição na Nigéria - Pius Utomi Ekpei-22.fev.19/AFP

Segundo a polícia, 128 pessoas foram presas por crimes relacionados à eleição, incluindo homicídio, roubo de urnas e fraude na votação. Além disso, 38 armas foram apreendidas.

Devido a problemas com algumas urnas e à violência, a votação foi estendida para o domingo em alguns pontos do país.

Eleições anteriores haviam sido marcadas por confrontos entre apoiadores de diferentes partidos políticos. Desta vez, o número de mortes informadas foi menor do que em outros anos.

Porém, muitos episódios de violência costumam ocorrer após o resultado ser anunciado, o que ainda não aconteceu —a comissão eleitoral prevê a divulgação entre esta segunda (25) e terça-feira (26).

Em 2015, durante e após o pleito, cerca de cem pessoas morreram. Quatro anos antes, houve 800 mortes apenas em uma cidade, Kaduna, no Norte, em um enfrentamento entre muçulmanos e cristãos que apoiavam diferentes candidatos.

As eleições deste ano deveriam ter sido realizadas no dia 16 de fevereiro, mas a Comissão anunciou o adiamento para o sábado seguinte, por motivos logísticos, poucas horas antes do início da votação.

Os dois candidatos que lideram a disputa são o presidente Muhammadu Buhari, 76, que busca reeleição com uma plataforma anticorrupção, e o ex-vice-presidente Atiku Abubakar, 72, um empresário que promete expandir o setor privado no país.

A disputa é considerada uma das mais acirradas desde o fim do regime militar no país, em 1999.

Segundo o grupo Situation Room, o pior incidente foi em Abonnema, em Rivers, onde o Exército informou que um militar e seis bandidos armados morreram em uma troca de tiros após uma gangue não identificada bloquear uma estrada.

As forças de segurança nigerianas enfrentam ataques de insurgentes islâmicos no Nordeste do país, além de violência comum no campo e na cidade em outras regiões do país.

O adiamento da eleição enfraqueceu a confiança no processo e provavelmente reduziu o comparecimento às urnas, disseram observadores americanos nesta segunda.

"É altamente provável que um adiamento tão tardio tenha tido efeitos negativos no comparecimento dos eleitores”, disse a jornalistas John Tomaszewski, do Instituto Democrático Nacional dos EUA e do Instituto Internacional Republicano, que participou da delegação de observadores do processo eleitoral nigeriano. "Mais significativamente, o adiamento minou a confiança do público no Inec [comissão que organiza a eleição].”

A votação, porém, ocorreu em um “ambiente genericamente pacífico”, disse Hailemariam Desalegn, líder da missão de observadores da União Africana e ex-premiê da Etiópia.

“Houve incidentes esparsos de violência, mas não foram vistos como dominantes no dia da eleição”, disse Derek Mitchell, presidente da missão de observadores dos EUA.

Nesta segunda, a chefe da missão de observadores da União Europeia, Maria Arena, disse que a votação foi atingida por problemas operacionais que dificultaram a participação da população. "Sérios problemas operacionais trouxeram fortes incômodos aos eleitores", afirmou.

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