O mundo espera que a Coreia do Norte e os Estados Unidos possam conversar, e que estes diálogos gerem resultados, disse o dirigente chinês, Xi Jinping, para o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, nesta quinta (20).
Xi Jinping está em visita de dois dias à Coreia do Norte —a primeira viagem de um dirigente chinês ao fechado país vizinho em 14 anos. O objetivo é tanto fortalecer laços como se colocar no papel de possível mediador entre as conversas de Pyongyang e Washington sobre a desnuclearização da Coreia.
A viagem do líder chinês ocorre poucos dias antes de seu encontro com Donald Trump na cúpula do G20, no Japão, que começa dia 28. Na ocasião, os líderes devem conversar a respeito da guerra comercial em andamento entre os dois países.
Na equipe do dirigente chinês está o planejador-chefe da economia do país, e as negociações entre as partes podem trazer medidas de suporte à economia norte-coreana.
A nação vem sofrendo sanções impostas pela ONU em razão de seu programa nuclear e de mísseis: a importação de combustíveis está limitada, e a maior parte de suas exportações, banida. A China sugeriu que as punições podem ser aliviadas se a o país seguir as regras da ONU.
Além disso, há uma seca atingindo a Coreia do Norte, e grupos internacionais de ajuda informaram que a produção de alimentos caiu drasticamente em meio a safras ruins.
Kim Jong-un e sua esposa, Ri Sun Ju, cumprimentaram Xi Jinping no aeroporto de Pyongyang, segundo a TV estatal chinesa. A irmã de Kim, Kim Yo Jong, e autoridades que tiveram papel de destaque nas recentes conversas do país com os EUA a respeito de armas nucleares também estiveram presentes.
O líder chinês foi conduzido através de Pyongyang em um carro conversível, em pé, com Kim ao seu lado, e foi saudado calorosamente pelo público. Ele foi levado para o Palácio Kumsusan do Sol, um complexo que serve como mausoléu para o fundador da Coreia do Norte, Kim Il Sung.
O dirigente chinês "avaliou positivamente" os esforços da Coreia do Norte para manter a paz e a estabilidade na região e em promover a desnuclearização do país.
Kim Jong-un disse a Xi Jinping que no ano passado a Coreia do Norte deu muitos passos positivos para evitar tensões com os EUA. "Mas isso não obteve uma resposta positiva do lado relevante. Isso não é algo que a Coreia do Norte desejava ver."
O encontro dos líderes ocorre em meio a tensões entre Washington e Pyongyang a respeito de uma possível desnuclearização da Coreia do Norte. Kim Jong-un e Donald Trump realizaram uma cúpula no ano passado em Cingapura e outra em Hanói, em fevereiro, mas há poucas esperanças concretas em relação ao desarmamento nuclear da Coreia do Norte, dado que o encontro em Hanói fracassou.
A partir de então, Pyongyang voltou a reconstruir bases de lançamentos de mísseis e retomou testes com tais armamentos.
"A Coreia do Norte está disposta a ter paciência, e ao mesmo tempo espera que o lado relevante possa nos encontrar no meio do caminho, buscar uma solução que ambos os lados concordem", completou.
A China subscreveu às sanções da ONU em relação a testes nucleares mas, por outro lado, vem defendendo o alívio das penalidades impostas à Coreia. Pequim elogiou o país e os EUA por tentarem resolver seus problemas por meio do diálogo, ao invés de se valerem de ameaças militares.
Esta semana, em uma rara honraria concedida a um líder estrangeiro, Xi Jinping escreveu no jornal norte-coreano Rodong Sinmun que a China apoia a "direção correta" com a qual a Coreia do Norte tem lidado com suas questões.
Kim Jong-un visitou a China, o único grande aliado da Coreia do Norte, quatro vezes desde o ano passado.
Xi Jinping deve também visitar a Torre da Amizade, monumento que comemora as tropas chinesas que lutaram junto às norte-coreanas na Guerra da Coreia (1950-1953). O conflito terminou em trégua, não em um acordo, deixando o Norte tecnicamente em Guerra com a Coreia do Sul.
A viagem do dirigente chinês é também uma afirmação do poder simbólico de Pequim em relação à Washington.
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