Descrição de chapéu Governo Trump

Em 1º evento de campanha à reeleição, Trump revisita temas de 2016

Presidente critica mídia e reforça discurso anti-imigração em primeiro comício

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Washington e São Paulo

Donald Trump fez um cálculo minucioso ao escolher a Flórida para lançar sua campanha à reeleição.

Nesta terça-feira (18), em Orlando, o presidente dos Estados Unidos reforçou os laços com sua base eleitoral para garantir que seu discurso motive mais uma vez os eleitores que votaram nele na disputa de 2016.

Quatro anos após ter descido as escadas rolantes da Trump Tower em Nova York para anunciar que concorreria à Casa Branca, o republicano mostrou que o Salão Oval não o transformou em um 
líder mais moderado

Donald Trump discursa em uma arena lotada em Orlando (Flórida) no lançamento de sua campanha à reeleição 
Donald Trump discursa em uma arena lotada em Orlando (Flórida) no lançamento de sua campanha à reeleição  - Mandel Ngan/AFP

Em seu discurso de quase uma hora e meia, o presidente revisitou temas da campanha de 2016, como imigração ilegal e fake news, além de citar várias vezes sua adversária naquele pleito, a democrata Hillary Clinton.

Após uma apresentação de sua esposa, Melania, ele subiu ao palco do Amway Center e logo fez críticas à imprensa americana. “Esta é uma arena bem grande. Fiquei pensando que se tivéssemos três ou quatro lugares vagos, a mídia das notícias falsas teria manchetes dizendo que não conseguimos encher este lugar”.

Trump relembrou sua trajetória até à Presidência nas eleições de 2016 e chamou sua campanha de “um grande movimento político” formado por patriotas que acreditam que “uma nação deve cuidar de seus cidadãos primeiro”, em referência à imigração ilegal. 

O presidente também citou os bons resultados da economia —que hoje registra crescimento acima de 3% e desemprego historicamente baixo. “Nossa economia é a inveja do mundo. Talvez seja a melhor economia que tivemos na história do nosso país”, disse.

Apesar do cenário econômico favorável, que impulsiona a permanência de quem está no cargo, Trump não lidera as pesquisas, e sua desaprovação vem crescendo em estados importantes onde ele venceu em 2016, como Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

O republicano voltou a criticar a reação dos democratas ao relatório do procurador especial Robert Mueller, responsável pela investigação sobre a suposta interferência da Rússia no pleito de 2016.

Ele chamou o inquérito de “tentativa ilegal de anular os resultados da eleição, espiar a nossa campanha, que é o que eles [democratas] fizeram e subverter a nossa democracia”. 

A oposição democrata está atualmente dividida quanto à possibilidade de abrir um processo de impeachment.

Pré-candidatos à esquerda defendem a ideia, como Bernie Sanders, Kamala Harris e Elizabeth Warren, mas a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e outros líderes democratas têm pregado cautela. 

Baseado na investigação de Mueller, o impeachment, avaliam, poderia trazer desgaste eleitoral desnecessário para a oposição.

A seu estilo, Trump mostrou que já tem o prontuário sobre o assunto: quando os democratas o atacam, estão atacando o seu eleitor, de acordo com ele.

O atual presidente classificou os políticos do partido adversário como socialistas radicais —devido à ala progressista em ascensão na legenda. “Um voto para qualquer democrata em 2020 é um voto para o crescimento do socialismo radical e para a destruição do sonho americano”, disse.

No comício desta terça-feira, o incumbente se apresentou como o mesmo outsider de quatro anos atrás. “Juntos nós vimos um establishment político falido e nós restauramos um governo feito pelo povo, para o povo”, discursou.

Até outubro de 2020, o presidente deve replicar o modelo de campanha que venceu as últimas três eleições presidenciais: foco na conquista de eleitores não tradicionais, ou seja, aqueles que não sairiam para votar no dia do pleito, já que o voto não é obrigatório.

No caso do ex-presidente Barack Obama, em 2008 e 2012, por exemplo, esse nicho era formado por negros e jovens.

A outra forma de tentar chegar à Casa Branca é o método mais antigo, que está sendo aplicado hoje pelo ex-vice-presidente Joe Biden.

O favorito no Partido Democrata entendeu que é preciso fazer concessões para vencer as primárias —são 24 nomes na corrida para ser o representante da oposição em 2020— e, depois disso, adotar moderação para ampliar o eleitorado nas eleições gerais. 

Habitualmente centrista, Biden tem feito acenos à esquerda na tentativa de se consolidar como o nome democrata contra Trump.

Ambos devem concentrar suas campanhas nos chamados estados-pêndulos, sem tradição democrata ou republicana. Analistas afirmam que, se Trump quiser se reeleger, será necessário fazer acenos para além dos grupos que já o apoiam.

Seu discurso nesta terça, no entanto, mostra que o reforço com sua base eleitoral vai ditar o caminho até outubro de 2020.

Com AFP e Reuters

Erramos: o texto foi alterado

A primeira versão deste texto afirmava incorretamente que o ex-presidente americano Barack Obama concorreu ao cargo em 2006 e 2010. O democrata, na verdade, disputou a Presidência em 2008 e 2012.

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