Polícia britânica adverte imprensa a não publicar documentos vazados

Alerta é feito após abertura de investigação sobre vazamentos que levaram a renúncia de embaixador

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Londres | Reuters

A polícia britânica abriu nesta sexta-feira (12) uma investigação oficial sobre o vazamento de memorandos diplomáticos confidenciais que levaram à renúncia do embaixador britânico em Washington e alertou a imprensa a não publicar documentos vazados, sob pena de responsabilização criminal.

Kim Darroch renunciou na quarta-feira (10) depois que o presidente Donald Trump o chamou de "muito estúpido", após a publicação dos memorandos por um jornal britânico, em que o embaixador qualificava o republicano como inepto e seu governo de disfuncional.

O embaixador britânico Kim Darroch durante entrevista coletiva do presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, em Washington
O embaixador britânico Kim Darroch durante entrevista coletiva do presidente dos EUA, Donald Trump, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, em Washington - Carlos Barria - 27.jan.17/Reuters

A Polícia Metropolitana (Met) afirmou que seu comando de contraterrorismo, que lida com investigações relacionadas à violação da Lei de Segredos Oficiais, está liderando a investigação.

 

"Dadas as consequências daquele vazamento, estou consciente de que houve danos causados às relações internacionais britânicas e que haveria interesse público claro em trazer a pessoa ou as pessoas responsáveis à Justiça", afirmou o comissário-assistente da Met, Neil Basu, em nota.

"Eu diria que à pessoa ou às pessoas que fizeram isso, que o impacto do que vocês fizeram é óbvio. Entretanto, vocês também são responsáveis por desviar detetives muito ocupados de suas funções principais", afirmou ainda a nota.

"Vocês podem parar com isso agora. Entreguem-se na primeira oportunidade, expliquem-se e enfrentem as consequências."

O comissário assistente alertou ainda a jornalistas e editores que eles podem estar violando a lei caso façam novas publicações sobre os memorandos.

"A publicação de comunicações vazadas, sabendo-se do dano que causaram ou devem causar, pode também ser um assunto criminal", afirmou.

"Aconselharia todos os donos e editores de mídias tradicionais ou sociais a não publicarem documentos do governo que já possam ter em sua posse ou que venham a lhes serem oferecidos, e que os entreguem à polícia ou os devolvam ao seu dono de direito, o governo da sua majestade."

Boris Johnson durante evento eleitoral em Cheltenham, no Reino Unido - Peter Nicholls/Reuters

O episódio acabou respingando na corrida pelo posto de primeiro-ministro do Reino Unido. O fato de Boris Johnsonfavorito a suceder Theresa May na liderança do Partido Conservador (e, por extensão, no cargo de premiê), não ter garantido a permanência de Darroch no posto contribuiu para a decisão do diplomata, noticiou a imprensa inglesa.

Em debate televisivo realizado na terça (9), o ex-ministro das Relações Exteriores teve ao menos cinco oportunidades de expressar seu apoio ao servidor britânico, mas se recusou a fazê-lo.

Nesta sexta, Johnson negou ter sido responsável pela queda do embaixador, mas admitiu que seus comentários tiveram influência na decisão do diplomata, durante uma entrevista à BBC.

Johnson disse que Darroch não assistiu ao debate mas ouviu uma versão distorcida do que foi dito nele e afirmou que não defendeu o diplomata por pensar que servidores públicos não deveriam se tornar tema de debates políticos. 

Questionado pela BBC sobre se seria "covarde" como premiê, Johnson afirmou: "Sempre fomos francos com os EUA e vamos continuar a ser". 

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