Confronto entre separatistas e governo deixa 40 mortos e 260 feridos no Iêmen

Separatistas tomaram o palácio do governo no sábado

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Dubai | AFP

Confrontos entre separatistas e soldados do governo provocaram cerca de 40 mortes e deixaram 260 pessoas feridas, incluindo civis, na cidade de Aden, capital provisória do Iêmen. A guerra civil no país já dura cinco anos e, no sábado (10), se agravou com a tomada do palácio presidencial por parte das forças separatistas do sul, chamadas de Cordão de Segurança (CTS). 

Desde quinta (8), há enfrentamentos contínuos na região. De acordo com o Médicos Sem Fronteiras, que administra um hospital em Aden, 119 pessoas feridas foram internadas em 24 horas. "É doloroso constatar que durante a Festa do Sacrifício [importante celebração muçulmana] famílias choram a morte de entes queridos em vez de comemorar essa data de paz e harmonia", disse Lise Grande, coordenadora humanitária da ONU no país. 

No meio da avenida, integrante das forças separatistas do sul segura arma, AK-47. No cabo da arma,  há uma foto de Muneer al-Yafee, general iraniano morto em um ataque de míssil em 2019, em Aden - Agosto, 2019.
Integrante das forças separatistas do sul segura arma com foto de Muneer al-Yafee, general iraniano morto em um ataque de míssil em 2019, em Aden - Agosto, 2019. - REUTERS/Fawaz Salman

A Guerra Civil Iemenita, que se iniciou em 2014, divide o Iêmen entre forças leais ao presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, aliado à Arábia Saudita, e forças separatistas da região sul, que não reconhecem a legitimidade de Hadi. Em 2015, pressionado, o presidente pediu exílio aos sauditas, que até hoje intervém militarmente no Iêmen. 

O governo iemenita acusou os Emirados Árabes Unidos, até então integrante da coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, de ser "responsável pelo golpe de Estado" dos separatistas. Por meio de redes sociais, o ministério das Relações Exteriores pediu que os "Emirados cessem imediatamente o apoio financeiro e militar a grupos que se rebelaram contra o Estado". 

A coalizão saudita pediu por um imediato cessar-fogo na capital provisória. O ministro das relações exteriores, por meio de sua conta no Twitter, convidou o governo do Iêmen e todas as partes envolvidas nos conflito em Aden para conversar sobre as divergências. 

O CTS, força separatista, aprovou o comunicado do ministro e, via nota em seu site oficial, afirmou compromisso com o cessar-fogo. "O CTS agradece o convite dos irmãos sauditas ao diálogo e assegura estar preparado".

A situação em Aden agrava a guerra civil no país, na qual dezenas de milhares de pessoas já perderam suas vidas, enquanto 3,3 milhões estão desabrigadas e 24,1 milhões (ou 80% da população iemenita) precisa de assistência, segundo a ONU. 

O Iêmen do Sul era um país independente até 1990. A junção entre Iêmen do Sul e Iêmen do Norte foi o estopim da guerra civil. Os sulistas acusam os iemenitas do norte de impor, via repressão militar, a integração territorial.

Agora, além desse conflito originário, as tensões internas à coalizão liderada pelos sauditas, com a suposta mudança de posicionamento dos Emirados Árabes, colocam o Iêmen sob risco de "uma guerra civil dentro de uma guerra civil", de acordo com nota da organização International Crisis Group (ICG). 

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