Descrição de chapéu Governo Trump

Conversa entre EUA e Irã sobre questão nuclear pode acontecer nas próximas semanas, diz Trump

Em entrevista coletiva no G7, americano abriu discurso elogiando primeira-dama da França

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São Paulo e Biarritz (França) | Reuters

O presidente americano, Donald Trump, disse nesta segunda (26) que há a possibilidade de um encontro nas próximas semanas entre ele e seu par iraniano, Hassan Rouhani, se as circunstâncias forem "certas". A conversa trataria de conflitos gerados pelo acordo nuclear de 2015. 

"Acho que há uma grande chance de nos encontrarmos", afirmou o republicano em entrevista para a imprensa durante o encerramento da cúpula do G7, clube de países ricos, em Biarritz, balneário no sudoeste da França.

O país persa está no centro de uma crise internacional desde que, em meados de junho, aumentou sua produção de urânio enriquecido —material que eventualmente pode ser usado em armamentos nucleares—, quebrando um dos termos do acordo internacional.

O fato se deu em resposta a sanções econômicas impostas meses antes pelos EUA, que decidiram abandonar o pacto no ano passado. O país proibiu seus parceiros de comprarem petróleo iraniano, privando Teerã de uma de suas principais fontes de renda.

O presidente da França, Emmanuel Macron, aperta as mãos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em encerramento da cúpula do G7, realizada em Biarritz, na França - Philippe Wojazer/Reuters

Na abertura de seu breve discurso, Trump agradeceu a hospitalidade do presidente francês, Emmanuel Macron, ao sediar o evento e teceu elogios à primeira-dama francesa, Brigitte Macron

"Quero agradecer muito pelo trabalho do presidente Macron e de sua esposa, que é uma ótima mulher. Obrigado, Brigitte, você foi espetacular, passando bastante tempo com Melania [Trump, sua esposa] e com o pessoal que veio."

Os elogios do presidente americano fazem contraponto às declarações do mandatário brasileiro, Jair Bolsonaro, que no sábado (24) zombou de Brigitte Macron em uma rede social. Em um comentário no Facebook, Bolsonaro deu a entender que as recentes críticas de Emmanuel Macron ao governo brasileiro seriam motivadas por inveja sua da esposa do brasileiro.

Sobre a questão com o Irã, o presidente americano fez uma ressalva, dizendo que é importante que os iranianos ajam como "bons jogadores" para que um acordo seja feito. 

"O Irã é um país com grande potencial. Não estamos pedindo grandes mudanças em seu governo ou coisa do tipo. Queremos, apenas, que não haja mais armas nucleares. É muito simples."

As afirmações de Trump vieram como resposta à sugestão do presidente da França de que o encontro ocorresse nas próximas semanas, no que foi considerado uma vitória diplomática de Macron. Trump e Rouhani estarão na Assembleia-Geral das Nações Unidas, no fim de setembro.

O francês, que participou da primeira parte da entrevista coletiva de encerramento, afirmou que a discussão para um novo acordo nuclear com o Irã foi abordada pelos líderes do G7

"Duas coisas são muito importantes para nós: o Irã nunca deve ter armas nucleares e essa situação nunca deve ameaçar a estabilidade regional", disse o francês.

Atualmente, nenhuma das potências ocidentais está plenamente satisfeita com o acordo nuclear estabelecido há quatro anos, que não inclui medidas para conter o ímpeto expansionista do Irã —com braços no Iêmen, na Síria e no Líbano— nem cobre o programa de mísseis balísticos de Teerã.

A divergência é em como “consertar” o pacto. Os europeus querem editar ou fazer adendos ao documento atual, que tem validade até 2031, enquanto Trump prefere descartá-lo integralmente e redigir outro texto.

Assinado em 2015 por EUA, Reino Unido, Alemanha, França, China, Rússia e Irã, o acerto impede que o país persa desenvolva uma bomba nuclear, ao passo em que afrouxa sanções econômicas contra Teerã.

Em maio de 2018, Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo —contrariando a vontade de países aliados a Washington— dando início à crise que se estende até agora.

Em resposta à Trump, o presidente iraniano sinalizou disposição para encontrá-lo. "Se eu souber que, ao encontrar alguém, o problema do meu país seria resolvido, eu não hesitaria porque a questão central é o interesse nacional do país", disse Rouhani no site oficial do governo.

No domingo (25), enquanto aconteciam as conversas do G7, o chanceler do Irã, Mohammad Javaf Zarif, fez uma visita surpresa a Biarritz.

Na entrevista de encerramento desta segunda, Macron foi questionado se ele havia avisado Trump previamente sobre a presença iraniana ou se o presidente americano foi pego de surpresa.

"Quando soube que nos visitaria, decidi convidar o ministro do Irã para participar de uma conversa como amigo. Então informei o presidente Trump que o encontro era ideia minha e que não queria envolver os Estados Unidos [em uma conversa de Estado], mas que participassem como amigos", disse.

Nesta manhã, Trump também falou sobre o seu desejo de que a Rússia seja readmitida ao G7 e disse não se importar com as consequências políticas de sua sugestão.

"Muitas pessoas dizem que ter a Rússia, que é uma potência, dentro da sala é melhor do que tê-la fora", disse. Segundo ele, outras nações do G7 partilham dessa mesma impressão.

A próxima cúpula do grupo será sediada na Flórida, nos Estados Unidos, anunciou Macron. O presidente Trump quer que o encontro ocorra em seu resort em Miami, o Trump National Doral Miami Golf Resort.

Com Reuters

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