Um dia após confrontos em bairro turístico, manifestantes voltam às ruas de Hong Kong

Polícia dispersou multidão com bombas de gás lacrimogêneo

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Hong Kong | AFP

Manifestantes pró-democracia voltaram às ruas de Hong Kong neste domingo (4), um dia após a polícia reprimir uma manifestação que ocorreu em Tsim Sha Tsui, bairro comercial e turístico da ex-colônia britânica.

Este é o oitavo fim de semana de grandes manifestações em Hong Kong, que enfrenta sua crise política mais grave desde o retorno do território para o domínio chinês, em 1997.

Após os confrontos de sábado, a agência estatal chinesa Xinhua denunciou que "forças miseráveis" ameaçam os fundamentos do princípio "um país, dois sistemas", por meio do qual o Reino Unido cedeu Hong Kong à China e que garante que o território goze de liberdades inexistentes no resto do país. 

Concentração de manifestantes em Hong Kong
Concentração de manifestantes em Hong Kong - Isaac Lawrence - 4 ago.19/AFP

"O governo central não ficará de braços cruzados e não deixará que a situação continue", declarou a agência. 

Os manifestantes convocaram uma greve geral para segunda-feira (5).

Neste domingo, milhares de pessoas participaram de duas manifestações: em uma delas, a polícia dispersou a multidão com bombas de gás lacrimogêneo. 

"Temos a impressão, sem importar quantos somos, de que não é possível mudar nosso governo", disse Florence Tung, 22, no bairro residencial de Tseung Kwan, fazendo referência ao fato de os dirigentes da cidade não serem eleitos por sufrágio universal.

A segunda manifestação aconteceu em Kennedy Town e deveria terminar em um parque próximo à sede do Escritório de Ligação, órgão do governo central chinês. Há duas semanas, manifestantes jogaram ovos no imóvel, que fica ao lado da sede do governo local.

Os policiais usaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes no distrito de Sheung Wan, perto de Kennedy Town. 

Pequim passou a multiplicar as advertências contra os manifestantes. Nesta semana, a guarnição do Exército Popular de Libertação (EPL) em Hong Kong divulgou um vídeo para alertar sobre sua capacidade de intervenção.

As autoridades locais elevaram o tom, e 40 manifestantes foram acusados de participação em distúrbios, um delito que pode ser punido com pena de até 10 anos de prisão, após os confrontos da semana passada.

Na noite de sábado (3), as forças de segurança anunciaram a detenção de mais de 20 pessoas, o que eleva a mais de 200 o número de detidos desde 9 de junho.

A crise explodiu há dois meses, com a oposição a um projeto de lei em Hong Kong —atualmente suspenso— que permitiria extradições para a China. O movimento, no entanto, transformou-se em uma campanha para exigir reformas democráticas.

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