Se o presidente dos EUA, Donald Trump, pudesse escolher a dedo os vencedores do Prêmio Nobel, ele certamente reservaria um para si mesmo.
Nas vésperas da Assembleia Geral da ONU, Trump participava de uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, quando ouviu de um repórter que "definitivamente deveria ganhar um Prêmio Nobel" se mediasse uma solução para os conflitos na Caxemira.
A região é, desde 1947, palco de uma disputa entre Índia e Paquistão. Quando as autoridades coloniais britânicas deixaram a Caxemira, decidiram dividir o que antes era uma única colônia: o Paquistão seria um país para os muçulmanos, enquanto a Índia seria destinada aos hindus.
A partilha provocou a transferência maciça de populações, dividindo comunidades e deixando mais de 1 milhão de mortos. Desde então, foram registradas inúmeras rusgas nas regiões de fronteira, e os dois países travaram quatro guerras –a última delas em 1999.
No início de agosto, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, revogou a autonomia da Caxemira, o que acentuou as tensões vividas no território e foi classificado pelo governo paquistanês como "ilegal".
"Acho que eu receberia um Prêmio Nobel por muitas coisas se ele fosse distribuído de maneira justa, o que não acontece", disse Trump nesta segunda (23).
"Eles deram um ao [ex-presidente Barack] Obama imediatamente após sua ascensão à Presidência, e ele não tinha ideia do porquê disso", afirmou o americano sobre a gratificação oferecida em 2009 ao democrata.
"E quer saber? Essa foi a única coisa em que concordei com ele."
Em seguida, Trump se voltou para Khan e teceu elogio aos repórteres paquistaneses. "Eu aprecio o espírito da sua imprensa", disse. O premiê, neste momento, esboçou um sorriso.
"Eu não vejo isso [aqui, nos EUA], conosco eles sempre tentam colocar o país para baixo, e a sua imprensa está mais propensa a ver coisas positivas sobre o país", completou Trump antes de se dirigir aos repórteres e dizer que o primeiro-ministro "é um bom homem".
Mais cedo, nesta segunda, Trump foi questionado pela Folha se jantaria com Jair Bolsonaro em Nova York, ao que respondeu com o mesmo elogio: "Ele é um bom homem", disse. O presidente americano não confirmou o encontro, anunciado por Bolsonaro na última sexta (20).
O presidente brasileiro chega na tarde desta segunda a Nova York com uma agenda limitada que pode ser reduzida a pouco mais de 30 horas na cidade.
Em recuperação de uma cirurgia que corrigiu uma hérnia decorrente da facada que levou durante a campanha à Presidência, ele já havia cancelado encontros bilaterais durante sua passagem pela ONU, mas disse que jantaria com Trump mesmo assim.
Segundo o Itamaraty, o único compromisso confirmado do líder brasileiro até agora é o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, na manhã de terça (24), e um encontro com Rudolph Giuliani, ex-prefeito da cidade e advogado pessoal do presidente americana.
A previsão é que Bolsonaro retorne no mesmo dia ao Brasil.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.