O Facebook suspendeu nesta quinta-feira (12) um robô operado pelo perfil oficial do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, por violar suas regras sobre discurso de ódio.
A ferramenta foi usada pela campanha do político israelense para publicar uma mensagem que afirmava que os políticos árabe-israelenses "querem destruir todos nós".
Conhecido como "chatbot", o software emula conversas humanas, passando-se por perfis de pessoas reais. Neste episódio, a ferramenta criou uma notificação para os seguidores da página oficial de Netanyahu na rede social.
O texto, divulgado sob o nome de um voluntário da campanha de Netanyahu, buscava angariar apoio para o partido do atual premiê, o Likud, dias antes da eleição programada para a próxima terça-feira (17).
A mensagem convocava apoiadores de Bibi, como ele é conhecido, a comparecerem às urnas para evitar o surgimento de um "perigoso governo de esquerda", cujos líderes seriam apoiados por políticos árabe-israelenses "que querem destruir todos nós, mulheres, crianças e homens, e viabilizar um Irã com poderes nucleares que nos exterminaria".
O voto é facultativo em Israel.
O episódio ocorre em meio a uma campanha disputada na qual Netanyahu tem atacado partidos árabes.
Ele tem defendido a instalação de câmeras de segurança dentro dos locais de voto com a justificativa de coibir fraudes eleitorais.
Analistas avaliam que a medida seria uma forma de intimidar os eleitores árabes do país e comparam a demanda do premiê a uma tática usada por ele nas eleições de 2015, quando afirmou que os eleitores árabes estavam comparecendo às urnas em peso.
A suspensão feita pelo Facebook durará 24 horas, contadas a partir das 10h30 desta quinta no horário local (4h em Brasília), e atingiu apenas o robô —a página do primeiro-ministro continua no ar.
Em um comunicado, a rede social afirmou que realizou uma "revisão minuciosa" que identificou uma "violação da nossa política sobre discurso de ódio". "Caso haja outras violações, continuaremos a tomar as medidas necessárias."
Netanyahu responsabilizou um membro de sua equipe pela elaboração da mensagem, afirmando que ele não tinha visto o texto antes de seu envio e que ordenou que fosse retirado.
"Este erro foi consertado imediatamente. Eu não escrevi [a mensagem]", disse o premiê durante entrevista a uma rádio.
"Você realmente acredita que eu escreveria uma coisa dessas e depois negaria? Sou uma pessoa séria. Nem tudo na página da minha campanha é editado por mim."
Ayman Odeh, líder da lista conjunta de partidos predominantemente árabes, afirmou que sua equipe fez um alerta ao Facebook sobre a mensagem e exigiu que medidas fossem tomadas contra o que chamou de "incitação racista e perigosa de Netanyahu contra os árabes".
No ano passado, o Facebook suspendeu durante 24 horas a conta do filho mais velho do primeiro-ministro, Yair Netanyahu, por mensagens antimuçulmanos e antipalestinos que configuravam discurso de ódio, segundo a empresa.
A rede social removeu as publicações, que geraram muitas reclamações. Posteriormente, ele repostou uma imagem que reproduzia uma das mensagens.
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