Descrição de chapéu Governo Trump

Trump diz querer conhecer delator que detonou processo de impeachment

Em paralelo, advogado do republicano faz acusações contra democratas

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São Paulo

O presidente americano Donald Trump disse que quer conhecer o delator que avisou superiores de que havia algo suspeito em uma conversa sua com o mandatário ucraniano, Volodimir Zelenski.

Essa denúncia levou à abertura de um processo de impeachment contra o republicano. 

"Como todo americano, eu mereço conhecer meu acusador, especialmente quando esse acusador apresentou uma conversa perfeita com um líder estrangeiro de forma totalmente imprecisa e fraudulenta", publicou o republicano em uma rede social.

"Então, Schiff [deputado democrata que preside a comissão da Câmara responsável pelo impeachment] modificou o que eu tinha falado e mentiu ao Congresso. Suas mentiras foram feitas no modo mais flagrante e sinistro talvez já vistas na Câmara. Ele escreveu e leu coisas terríveis, e então disse que isso veio da boca do presidente dos Estados Unidos. Eu quero Schiff questionado no mais alto nível por fraude e traição", prosseguiu.

"Eu quero conhecer não apenas meu acusador, que apresentou INFORMAÇÕES DE SEGUNDA E TERCEIRA MÃO (sic), mas também a pessoa que ilegalmente deu essas informações, que estão largamente incorretas, ao "denunciante". Essa pessoa estava espionando o presidente dos EUA? Grandes consequências", completou Trump. 

O delator, identificado como um agente da CIA pelo jornal The New York Times, está sob proteção federal, pois teme pela sua segurança. Seu nome não foi revelado.

No telefonema de 25 de julho —o estopim do trâmite do impeachment—, Trump pediu ao presidente ucraniano que investigasse os negócios de Hunter Biden na Ucrânia. 

Hunter é filho de Joe Biden, ex-vice de Obama e um dos candidatos democratas mais bem cotados para enfrentar Trump na eleição presidencial de 2020.

Trump e sua equipe vêm adotando estratégia agressiva e tentam deslegitimar a queixa que motivou o impeachment, os autores da denúncia e os membros do Partido Democrata. 

Mais cedo no domingo, o advogado pessoal de Trump, Rudolph Giuliani, veio a público para defender seu cliente do processo de impeachment em andamento no Congresso, e adotou uma retórica agressiva.

Em entrevista tensa à rede ABC, Giuliani atacou o delator anônimo que alertou sobre a ligação telefônica de Trump com o presidente da Ucrânia.

Segundo Giuliani, ao menos cinco pontos da delação são falsos, pois o informante não estaria presente quando o telefonema ocorreu.

O presidente dos EUA, Donald Trump, ao chegar à Casa Branca - Erin Scott - 26.set.2019/Reuters

​Giuliani, que é citado no telefonema de Trump, negou ter agido contra o democrata. "Eu não estou investigando Joe Biden. Eu caí nele ao investigar como os ucranianos conspiraram com a campanha de Hilary Clinton para levantar informações sujas", disse.

Segundo ele, há "uma pilha de evidências" de que a interferência nas eleições de 2016 não teve influência russa, mas sim da Ucrânia, que teria buscado informações comprometedoras sobre Trump a pedido de Obama.

Giuliani, no entanto, não apresentou as evidências que citou.

"Não se trata de colocar Joe Biden em apuros. Trata-se de provar que Donald Trump foi enquadrado pelos democratas", afirmou Giuliani.

O advogado também disse ter provas de que Hunter Biden foi beneficiado com US$ 1,5 bilhão de dólares de um fundo chinês, acusação já feita por Trump e negada pelo advogado de Hunter. 

O processo de impeachment terá novos capítulos nos próximos dias. Michael Atkinson, inspetor-geral que alertou o Congresso sobre a delação, será chamado para depor de forma privada.

Quem também deve prestar depoimento é Kurt Volker, enviado especial do Departamento de Estado para a Ucrânia que renunciou ao cargo na sexta (27).

Perguntado se iria depor caso seja chamado, Giuliani disse que "consideraria" a convocação, mas somente se o presidente do Comitê de Inteligência, o democrata Adam Schiff, fosse removido do cargo. O comitê é responsável por tocar o processo de impeachment.

Do lado ucraniano, o ex-procurador geral Iuri Lutsenko afirmou à BBC que não há razão para que seu país investigue o rival de Trump. "Não sei de nenhuma razão para investigar Joe Biden ou Hunter Biden de acordo com a lei ucraniana", afirmou. 

O ex-procurador também disse ter encontrado Giuliani, que teria perguntado se seria possível investigar a família Biden na Ucrânia. 

Lutsenko respondeu que qualquer inquérito relativo a Joe e ao seu filho deveria ocorrer nos EUA.

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