O presidente dos EUA, Donald Trump, abandonou os planos de sediar a cúpula do G7, em 2020, no seu resort de golfe na Flórida, depois que democratas criticaram a escolha do local como prova de que o presidente usou seu cargo para obter ganhos pessoais.
Em uma série de publicações no Twitter na noite de sábado (19), Trump disse que abandonaria o plano anunciado pelo chefe de gabinete interino da Casa Branca, Mick Mulvaney, na quinta-feira (17).
A reunião do G7 aconteceria no resort de golfe Trump National Doral, perto de Miami, entre 10 e 12 de junho.
Trump citou o que chamou de "hostilidade enlouquecida e irracional" dos democratas e da mídia para explicar o recuo.
"Começaremos a busca por outro local, incluindo a possibilidade de Camp David", escreveu, em referência à base militar e casa de campo que serve ao presidente e sua família como local de descanso.
O presidente enfrenta críticas e uma série de investigações do Congresso sobre suas finanças e possíveis conflitos de interesse decorrentes de seus negócios imobiliários.
Ele também responde a um inquérito de impeachment sobre acusações de que tinha interesses políticos em sua relação com a Ucrânia.
No sábado, Trump tentou enfatizar o que, segundo ele, eram os aspectos positivos do resort para sediar uma grande reunião. "Pensei que estava fazendo algo muito bom para o nosso país", escreveu no Twitter.
Um artigo da Constituição dos EUA proíbe que funcionários do governo recebam salários, taxas ou lucros de governos estrangeiros e domésticos sem aprovação do Congresso.
O grupo Citizens for Responsability and Ethics, em Washington, disse no sábado que a decisão inicial de conceder a realização do encontro em uma propriedade de Trump era corrupta, mas o recuo mostra que a pressão funciona.
Os democratas disseram que investigariam o plano de Trump de sediar o G7 em sua propriedade logo após ele propor a ideia, em agosto. A decisão também provocou críticas de vários republicanos.
Em comunicado divulgado na quinta-feira, o presidente do Comitê Judiciário da Câmara, Jerrold Nadler, classificou o anúncio "entre os exemplos mais descarados da corrupção do presidente". Nadler disse que o comitê continuaria investigando o assunto.
O anúncio levou pedidos dos democratas para que a Casa Branca explicasse detalhadamente por que outros 11 locais não foram escolhidos e quanto os contribuintes pagariam.
Em maio, o jornal The Washington Post informou que o lucro operacional do resort Doral havia caído 69% desde 2015, citando documentos da empresa que foram revisados.
Mulvaney havia sugerido que Trump não lucraria com o uso da propriedade porque quaisquer encargos seriam "a custo".
Ele também disse que usar o resort seria "milhões de dólares mais barato" do que outras instalações e levaria a uma economia de 50% —mas a Casa Branca não divulgou nenhum documento para explicar essa análise.
Trump propôs sediar a reunião pela primeira vez em agosto, após participar do G7 na França. Ele também sediou líderes mundiais em algumas de suas outras propriedades, incluindo em seu clube à beira-mar em Mar a Lago, em Palm Beach, na Flórida.
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