Governo argentino ignora pedido da Procuradoria da Bolívia e não extraditará Evo

Ministério Público emitiu ordem que obriga ex-presidente, refugiado em Buenos Aires, a prestar depoimento

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Buenos Aires

O governo da Argentina, comandado por Alberto Fernández, não extraditará o ex-presidente boliviano Evo Morales nem seus filhos, que hoje vivem com ele em endereço desconhecido em Buenos Aires.

Na quarta (18), a Procuradoria da Bolívia emitiu uma ordem que obriga Evo a prestar depoimento ao Ministério Público, após uma denúncia de seu suposto envolvimento com crimes de sedição e terrorismo. 

O ministro do Interior, Arturo Murillo, pediu ao Ministério Público que iniciasse uma investigação com base em um áudio no qual supostamente se escuta a voz de Evo dando instruções a um de seus partidários, o cocaleiro Faustino Yucra, para bloquear estradas e interromper o fornecimento de alimentos a algumas cidades —o objetivo seria desestabilizar o atual governo, de sua opositora Jeanine Añez

O ex-presidente boliviano Evo Morales durante entrevista coletiva em Buenos Aires
O ex-presidente boliviano Evo Morales durante entrevista coletiva em Buenos Aires - Agustin Marcarian/Reuters

A Presidência recebeu a ordem de condução coercitiva, mas lembrou que o ex-líder boliviano tem status de refugiado na Argentina, condição que o exclui das regras do acordo de extradição estabelecido entre os dois países.

Segundo integrantes do governo, a segurança da casa onde o boliviano vive em Buenos Aires será reforçada, para que as reuniões de Evo com representantes de seu partido, o MAS (Movimento para o Socialismo), possam continuar sendo realizadas normalmente. 

A chancelaria argentina afirmou que não haverá uma resposta formal ao pedido do Ministério Público boliviano e que Evo tem "imunidade e proteção diplomática". 

Após renunciar, em 10 de novembro, pressionado pelas Forças Armadas e por manifestações nas ruas devido a suspeitas de fraudes nas eleições presidenciais que apontaram a conquista de um quarto mandato consecutivo, o boliviano foi para o México e, no último dia 12, chegou ao país sul-americano, onde obteve asilo político.

Em entrevista coletiva nesta semana, o ex-presidente boliviano disse que trabalha na candidatura de um membro de sua legenda para "disputar e vencer" o novo pleito, previsto para ocorrer no primeiro semestre de 2020. 

Evo não poderá concorrer: foi excluído da lei que convocou novas eleições, com base em um artigo da Constituição que proíbe a reeleição após dois mandatos.

Ao comentar o pedido de condução coercitiva, Evo afirmou que, "desde 1989, todos os presidentes até 2005 [quando foi eleito presidente] tentaram me processar por terrorismo, narcotráfico e assassinato". "Ganhei de todos."

Além de reuniões políticas e entrevistas, Evo tem participado de jogos de futebol com o ministro do Esporte argentino, Matías Lammens, e empresários bolivianos locais numa quadra no bairro de Colegiales.

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