O presidente do Partido Democrata no Iowa, Troy Price, renunciou a seu cargo nesta quarta-feira (12), uma semana depois de comandar o caucus caótico de Iowa que envergonhou o partido e deixou os democratas vulneráveis a acusações de incompetência por parte da campanha à reeleição do presidente Donald Trump.
O Partido Democrata em Iowa só anunciou resultados parciais de seu caucus presidencial de 3 de fevereiro, os primeiros no calendário nacional, na tarde do dia seguinte.
Quando o fez, os resultados estavam cheios de erros. Mesmo depois de a direção estadual do partido ter anunciado o que disse serem resultados completos, ainda havia erros nas tabulações.
As campanhas dos dois vitoriosos –Pete Buttigieg, ex-prefeito de South Bend, em Indiana, e o senador Bernie Sanders— pediram uma recontagem parcial dos resultados.
Troy Price, 39, tem sido o rosto público da debacle do caucus em Iowa, esforçando-se para oferecer explicações que tranquilizem o público quanto à integridade do processo de contagem dos resultados finais.
“Minha vontade é permanecer neste cargo e supervisionar este processo até sua conclusão, mas acho que é hora de o Partido Democrata em Iowa começar a olhar para o futuro, e minha presença no meu papel atual dificulta esse processo”, escreveu Price em carta a lideranças do partido.
“Por isso, vou renunciar à Presidência do Partido Democrata em Iowa. Minha saída ocorrerá assim que meu substituto for eleito.”
Price reconheceu que as falhas do processo de contagem dos votos “foram simplesmente inaceitáveis”, mas procurou retratar os fatos dos últimos nove dias sob a melhor ótica possível.
“Segundo todos os relatos, as próprias reuniões do caucus foram bem”, escreveu ele. “Nos dias seguintes, nossa equipe trabalhou sob pressão imensa para produzir um relatório completo dos resultados do caucus e conseguiu fazê-lo em 72 horas. Mesmo suportando ameaças à sua segurança pessoal, farpas e expressões de ira de pessoas de todo o planeta, nossa equipe trabalhou de forma profissional para produzir um resultado final.”
O Comitê Nacional Democrata e alguns líderes do Partido Democrata em Iowa criticaram Price por não ter feito mais para garantir que as mudanças empreendidas neste ano no processo do caucus, como o uso de um novo aplicativo para a contagem dos resultados, fossem plenamente testadas e que os líderes dos distritos estivessem plenamente familiarizados com eles.
Em teleconferência com seu comitê central dois dias antes do caucus, Price foi questionado por dois membros sobre a aparência de favoritismo devido à sua amizade, que data da campanha de Hillary Clinton em 2016, com uma assessora sênior de Pete Buttigieg casada com o fundador da empresa que desenvolveu o aplicativo usado no caucus.
Uma pessoa do comitê, Hillary Brown, disse: “Vimos fotos de você, Troy, com os desenvolvedores do app e com gente da campanha de Buttigieg, e isso é preocupante”.
Ela disse a Price que ele não deve participar da verificação do que deu errado. “Gostaríamos que você ficasse de fora disso.”
Judy Downs, diretora executiva do Partido Democrata no condado de Polk –ela não faz parte do comitê central estadual do partido—, disse em entrevista que ficou preocupada com a aparência de favoritismo.
“Francamente, diante de algumas das decisões tomadas, fica difícil montar uma defesa contra acusações de compadrio ou conspiração”, comentou.
Sean Bagniewski, presidente do Partido Democrata no condado de Polk, que abrange Des Moines, disse que a proximidade estreita entre líderes democratas estaduais, empresas e candidatos não começou sob a direção de Price.
“Acho que é assim há bastante tempo”, falou. “É um pouco como as pequenas famílias que controlam os países produtores de petróleo. Você tem acesso aos recursos que todos querem, e você meio que vira um pequeno reino próprio de consultores e assessores.”
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