Tribunal dos EUA suspende principal programa de Trump contra imigração irregular

Permaneça no México já enviou 59 mil pessoas de volta ao território mexicano

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São Paulo | Reuters

Um tribunal federal dos EUA suspendeu nesta sexta-feira (28) a principal medida de Donald Trump para conter a imigração irregular na fronteira do México com os EUA, o programa Permaneça no México.

A decisão foi tomada por três juízes de uma corte de San Francisco.

O Permaneça no México (MPP, na sigla em inglês) estipula que imigrantes sem documentos presos na fronteira com o México retornem ao país para esperar a avaliação de seus pedidos de asilo nos EUA pela justiça de imigração americana.

O programa será suspenso imediatamente, de acordo com a decisão, e deverá ser possível a quem busca asilo aguardar em solo americano a tramitação do processo.

Imigrantes alojados em barracas em Matamoros, no México, aguardam pela tramitação de seus pedidos de asilo na Justiça americana
Imigrantes alojados em barracas em Matamoros, no México, aguardam pela tramitação de seus pedidos de asilo na Justiça americana - Loren Elliott - 28.out.19/Reuters

Os advogados que contestaram a medida argumentam que ela expõe os imigrantes a situações de violência no México, colocando pessoas vulneráveis em perigo.

O ponto de vista é compartilhado por ONGs como a Médicos Sem Fronteiras, que em um comunicado divulgado nesta sexta informou que mil pessoas retornadas para o México como parte do programa foram violentamente atacadas ou ameaçadas.

A maior parte de quem está no programa é formada por centro-americanos que fogem de seus países de origem —Honduras, Guatemala e El Salvador— em busca de mais segurança nos EUA. Com a decisão desta sexta, ainda não se sabe o que vai acontecer com quem está no MPP aguardando no México.

Os juízes afirmam nesta sexta que a política é "inválida em sua totalidade". Nas próximas semanas, os advogados do governo podem contestar a decisão, tomada por uma corte conhecida por seu caráter progressista até pouco tempo, quando diversos conservadores passaram a ser indicados por Trump para integrar o tribunal. 

O governo também pode solicitar que o caso seja levado à Suprema Corte, de maioria conservadora.

Depois do anúncio da corte, advogados de imigração correram a postos de fronteira para garantir que os oficiais estariam cientes de que o programa havia sido suspenso, disse Taylor Levy, advogada de El Paso que defende imigrantes centro-americanos há mais de dez anos.

Lançado oficialmente em 25 de janeiro de 2019, o programa é mais uma iniciativa da administração Donald Trump para conter o imenso fluxo migratório irregular na fronteira entre os dois países. Em seu primeiro ano de funcionamento, o MPP  retornou para solo mexicano cerca de 59 mil pessoas.

O programa é avaliado como um sucesso pelos países signatários, México e EUA. A diminuição expressiva do número de pessoas apreendidas na fronteira sul dos EUA demonstra a eficácia do MPP, dizem os americanos. Em maio do ano passado, 144.116 imigrantes foram detidos. Em janeiro deste ano, a cifra caiu 75%, para 36.679 apreensões. 

O MPP está alterando uma política de décadas conhecida como "cai-cai", pela qual imigrantes sem documentos eram fichados e então liberados para aguardarem a primeira sessão do pedido de asilo na corte de imigração em território americano.

 
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