Casa Branca esperava debater pressão sobre Venezuela em jantar entre Trump e Bolsonaro

Folha foi excluída da cobertura do encontro, que acontece na Flórida

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Miami

Integrantes da Casa Branca tinham expectativa de que o jantar entre Jair Bolsonaro e Donald Trump, neste sábado (7) na Flórida, servisse de palco para discussões sobre novas medidas diante da crise na Venezuela, além de possíveis caminhos para o fechamento de um acordo comercial entre Brasil e EUA.

O governo brasileiro excluiu a Folha da cobertura do jantar, que aconteceu em Mar-a-Lago, o resort de Trump perto de Miami.

Um grupo de 15 jornalistas foi selecionado pelo Planalto para acompanhar os desdobramentos do evento.

Entre os veículos escolhidos pela equipe de Bolsonaro estavam as emissoras de TV Globo, Record, Band e SBT e EBC, as agências de notícia Bloomberg, Reuters e AFP, a rádio Jovem Pan, os portais BBC Brasil e Metrópoles e os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos EUA, Donald Trump na Casa Branca
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos EUA, Donald Trump na Casa Branca - Carlos Barria - 19.mar.19/Reuters

Assessores dizem que Trump procura uma “solução conjunta” com Bolsonaro e o presidente da Colômbia, Iván Duque, para aumentar a pressão sobre o regime de Nicolás Maduro, mas não deram detalhes de como isso poderia ser feito em parceria com o Planalto.

O cerco ao governo do ditador venezuelano sempre esteve na pauta das reuniões entre Brasil e EUA no último ano.

Na semana passada, o governo brasileiro determinou a remoção de diplomatas e funcionários que atuam na embaixada em Caracas e em consulados pelo país.

Sentados lado a lado à mesa no resort, neste sábado, Trump e Bolsonaro concederam breves declarações à imprensa. Os áudios foram repassados à Folha por jornalistas selecionados para fazer a cobertura.

O americano fez os habituais elogios ao brasileiro, disse que ele era um "homem sensacional" e que a relação entre Brasil e EUA "nunca esteve tão próxima."

"É muito bom tê-lo aqui", disse Trump.

​Bolsonaro, por sua vez, disse: "Estou muito feliz de estar aqui. É uma honra pra mim e pro meu país. Eu tenho certeza de que num futuro próximo é muito bom contar com um bom relacionamento de direita.”

Antes do início do jantar, os dois líderes apareceram diante de jornalistas, mas somente Trump respondeu a perguntas.

Bolsonaro, mesmo após ser chamado por repórteres brasileiros, virou as costas e entrou no salão onde seria realizado o evento.

Ainda segundo assessores da Casa Branca, a preocupação dos EUA sobre a entrada de empresas chinesas, como a Huawei, no mercado brasileiro do 5G também poderia ser tratada no encontro do americano com Bolsonaro.

Desde o ano passado, auxiliares de Trump têm aproveitado reuniões com autoridades brasileiras para levantar questões sobre a segurança dos equipamentos da Huawei, que estariam suscetíveis a ataques cibernéticos ou espionagem.

Para os EUA, o Brasil deveria tratar o caso como um tema de segurança nacional.

Sobre acordo comercial, no entanto, os integrantes da Casa Branca foram claros em dizer que não há previsão de anúncios, mas há “objetivos em comum” e “vontade política” dos dois presidentes para isso acontecer.

Como mostrou a Folha, não deve haver um acordo de livre-comércio entre Brasil e EUA, e o esforço por ora é por medidas de facilitação de negócios.

Do lado de Trump no jantar, participaram o diretor para Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mauricio Claver-Carone, a assessora especial e filha do presidente, Ivanka Trump, o genro e assessor sênior, Jared Kushner, o conselheiro Nacional de Segurança, Robin O’Brien, e o presidente da Corporação Internacional para o Desenvolvimento das Finanças dos EUA, Adam Boehler.

Já do lado de Bolsonaro estavam o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), o diplomata Nestor Forster, cuja indicação a embaixador do Brasil em Washington espera a aprovação do Senado, além do ministro Augusto Heleno (GSI) e do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente.

O jantar começou por volta das 19h30 locais (21h30 do Brasil). Essa é a quarta visita de Bolsonaro aos EUA e também a quarta vez que o brasileiro se encontra com Trump.

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