Sem máscara, Bolsonaro comemora independência dos EUA com embaixador

Diplomata promoveu almoço neste 4 de julho, feriado americano que marca independência do país

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Brasília

No dia em que o Brasil registrou 63.409 mortes por coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e auxiliares participaram, neste sábado (4), de um almoço na casa do embaixador americano no Brasil, Todd Chapman, para comemorar a independência dos EUA.

Bolsonaro postou, em suas redes sociais, uma mensagem parabenizando os EUA pelo 244º aniversário de independência e disse que, como líderes das duas maiores democracias ocidentais, ele e Donald Trump trabalham para "avançar os ideais de liberdade, democracia e dignidade humana que esta data representa".

O presidente brasileiro também chamou Trump de amigo e elogiou o discurso do norte-americano realizado na sexta-feira (3).

Jair Bolsonaro (sem partido) e comitiva participam de almoço com o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman (de azul, à dir.)
Bolsonaro e comitiva participam de almoço com o embaixador americano no Brasil, Todd Chapman (de azul, à dir.), no último sábado (4) - @jairmessias.bolsonaro no Facebook

"Palavras de um grande estadista. Que o legado e os valores dos fundadores dessa grande nação permaneçam sólidos e jamais sejam apagados por radicais."

Em um evento carregado de simbolismo, o presidente norte-americano fez um dos discursos mais contundentes de sua campanha à reeleição, carregado de ataques à esquerda e a grupos antirracistas.

Na fala, afirmou que a "revolução cultural de esquerda foi projetada para derrubar a revolução americana".

Os dois posts do presidente brasileiro com o elogio também foram publicados em inglês.

Bolsonaro divulgou pouco antes da mensagem ao par americano fotos em que ele, Chapman e outras seis pessoas aparecem todas sem máscaras no evento na casa do embaixador.

Estão na imagem Lorenzo Harris, adido de Defesa dos EUA; general Luiz Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo; general Fernando Azevedo (Defesa); Ernesto Araújo (Relações Exteriores); general Walter Braga Netto (Casa Civil) e o almirante Flávio Rocha, secretário especial de Assuntos Estratégicos do governo brasileiro.

Em outra foto publicada pelo brasileiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, também aparece. Assim como os outros, ele está sem máscara.

Do lado de fora da residência do embaixador, no Lago Sul, área nobre de Brasília, havia uma estrutura que contava com três viaturas da Polícia Militar, uma da Secretaria de Segurança do DF, além de uma ambulância e um caminhão do Corpo de Bombeiros.

Nos Estados Unidos, Trump deu início à celebração da data já na sexta-feira (3), em um anfiteatro lotado no Monte Rushmore, onde fez o discurso elogiado por Bolsonaro.

Trump chega ao monte Monte Rushmore para comemoração da independência americana
Trump chega ao monte Monte Rushmore para comemoração da independência americana - Saul Loeb - 3.jul.20/AFP

O presidente americano mal mencionou o aumento de casos de Covid-19 nos EUA, mesmo após o país superar 53 mil novas infecções na sexta-feira e as autoridades de saúde de todo o país pedirem aos americanos que façam comemorações do 4 de julho mais discretas.

Neste sábado, Trump e a primeira-dama americana, Melania, planejam realizar a “Saudação à América”, diante da Casa Branca, o que deve causar aglomerações.

Antes de comparecer ao almoço, Bolsonaro foi a Santa Catarina sobrevoar áreas atingidas pelo ciclone-bomba nesta semana. Após o encontro com o embaixador, retornou ao Palácio do Alvorada.

Em um vídeo da embaixada dos Estados Unidos, publicado nas redes sociais para celebrar a data, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse que a relação atual entre os dois países é "sem precedentes" e se apresenta como uma "verdadeira aliança".

"Essa aliança, essa relação tão especial que estamos construindo, graças à orientação do presidente Bolsonaro e do presidente Trump, é uma relação muito frutífera, que tem dado resultados em função dos nossos interesses, dos dois países, na economia, na tecnologia, na segurança, na promoção da democracia", disse o chanceler brasileiro, que também louvou o modelo de sociedade construída pelos Estados Unidos a partir da independência, em 1776.

No mesmo vídeo, Chapman também exaltou o relacionamento entre Washington e Brasília, mencionou o combate ao coronavírus e relembrou o assassinato de George Floyd, homem negro morto por um policial branco, que deu início a uma série de protestos e impulsionou o movimento "Black Lives Matter" (vidas negras importam).

"Nos Estados Unidos, nós também estamos profundamente perturbados pela morte injusta e brutal de George Floyd e a triste lembrança de nossa contínua necessidade de enfrentar a injustiça racial e todo tipo de desigualdade social."

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