Farc pede desculpas a vítimas de sequestros e seus familiares na Colômbia

Hoje um partido, grupo afirma que prática minou legimitidade de levante contra Estado

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Bogotá | AFP

A Força Alternativa Revolucionária do Comum, o partido político formado a partir das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), pediu desculpas nesta segunda-feira (14) às milhares de pessoas que a guerrilha sequestrou e expressou pesar pela dor e humilhação que lhes infligiu no cativeiro.

"O sequestro foi um erro gravíssimo que só podemos lamentar", disse em um comunicado a liderança da sigla criada em substituição ao grupo rebelde após a assinatura dos acordos de paz, em 2016. Trata-se da mais contundente mensagem de perdão desde o pacto que tenta pôr fim ao conflito colombiano.

Pichação 'Farc assassina' em muro de Bogotá cobre grafite que retrata o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe
Pichação 'Farc assassina' em muro de Bogotá cobre grafite que retrata o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe - Juan Barreto - 5.set.20/AFP

Aquela que foi a guerrilha mais poderosa da região afirmou que os sequestros minaram a legitimidade e a credibilidade do levante armado contra o Estado colombiano, uma luta que durou mais de 60 anos. “Este fardo (...) hoje pesa na consciência e no coração de cada um de nós."

A ex-guerrilha responde por crimes hediondos perante o tribunal criado pelo acordo. As negociações permitiram a desmobilização de aproximadamente 13 mil rebeldes, incluindo cerca de 7.000 combatentes.

No texto, o grupo cita o caso de Andrés Felipe Pérez, menino de 12 anos que morreu de câncer em 2001 enquanto seu pai, cabo da polícia, estava em poder dos rebeldes.

As então Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia ignoraram os apelos para libertar o policial, que acabou morto no cativeiro em uma suposta tentativa de fuga.

“Sentimos como um punhal em nossos corações a vergonha de não termos ouvido o grito de Andrés Felipe Pérez (...). Não podemos devolver o tempo perdido para evitar a dor e a humilhação que causamos a todos os sequestrados”, afirma o partido.

A Justiça Especial para a Paz, criada para julgar os casos do período de conflito, investiga mais de 20 mil sequestros cometidos por rebeldes que depuseram as armas.

Entre as vítimas há centenas de militares e diversos políticos, como a colombiano-francesa Íngrid Betancourt, que passou seis anos em cativeiro antes de ser libertada por uma operação militar em 2008.

Os responsáveis ​​pela ex-guerrilha poderão evitar a prisão se confessarem os crimes, indenizarem as vítimas e prometerem nunca mais usar a violência. Caso contrário, podem enfrentar até 20 anos de prisão.

Embora o desarmamento das Farc tenha diminuído significativamente a violência na Colômbia, grupos armados que se financiam por meio do narcotráfico ainda operam no país, e, nas últimas semanas, desencadearam uma onda de assassinatos que contam também com ex-guerrilheiros entre as vítimas.

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