A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, inaugurou neste sábado (26) um parque onde será colocada a primeira estátua de uma mulher negra na cidade. O monumento será uma homenagem a Solitude, que lutou contra a escravidão na ilha francesa de Guadalupe, no Caribe, no começo do século 19.
Hidalgo afirmou que a decisão celebra a "mulher que, por sua valentia e compromisso com a justiça e a dignidade, abriu junto a outros o caminho para uma abolição definitiva da escravidão na França".
Em maio de 1802, uma expedição francesa desembarcou em Guadalupe, seguindo ordens de Napoleão Bonaparte, para restabelecer a escravidão abolida em 1794.
Frente às tropas francesa foi organizada uma resistência, apoiada por antigos escravos, entre os quais diversas mulheres e a própria Solitude que, mesmo grávida, juntou-se aos combates. Ela seria presa e condenada a morte. Em 29 de novembro de 1802, um dia após dar à luz o filho, foi enforcada.
A ideia de dar protagonismo a figuras que combateram o racismo ganhou força após o assassinato de George Floyd, homem negro morto por um policial branco nos EUA, o que impulsionou protestos e uma onda de questionamentos a monumentos em homenagem a figuras ligadas ao passado colonial.
Nos EUA, os alvos foram imagens de militares que fizeram parte do Exército Confederado, lado da Guerra Civil americana que defendia a manutenção da escravidão.
Moradores da cidade de Anderson, na Carolina do Sul, por exemplo, organizaram petições para erigir uma estátua em homenagem a Chadwick Boseman, famoso por ter interpretado o rei T'Challa em "Pantera Negra". Eles querem substituir o Monumento Confederado localizado em uma praça central da cidade.
Inaugurada em 1902, a construção lista uma série de batalhas da Guerra Civil Americana e diz que, um dia, "o mundo decidirá" que os soldados que morreram defendendo que negros continuassem sendo escravizados nos Estados Unidos "estavam com a razão".
Estátuas de Cristóvão Colombo também foram atacadas no país. Uma foi incendiada e jogada em um lago em Richmond, na Virgínia. Outra, em Boston, foi decapitada.
Em Londres, a estátua de Robert Milligan, que chegou a ter 526 negros escravizados em suas fazendas de plantação de açúcar na Jamaica, foi removida pelo Museu das Docas. Na Bélgica, ganhou força uma campanha já antiga para tirar de cena monumentos do rei Leopoldo 2º, e um busto do monarca que colonizou o Congo (atual República Democrática do Congo) foi para o depósito na Universidade de Mons.
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