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Em ritmo de ficção, livro detalha resistência de Londres a bombardeios na 2ª Guerra

'O Esplêndido e o Vil' mostra bastidores do governo de Churchill e como a cidade resistiu aos ataques

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São Paulo

Na Segunda Guerra Mundial, Londres sofreu com fortes bombardeios alemães ao longo de meses, mas resistiu. O livro "O Esplêndido e o Vil", de Erik Larson, reconta inúmeros detalhes da vida comum e dos governos naquele momento, em um estilo que lembra um livro de ficção.

Larson, um jornalista americano, começa o relato em maio de 1940, quando Winston Churchill assume o posto de primeiro-ministro, a França está prestes a capitular e o Reino Unido espera um grande ataque aéreo. Bombardeios pelo ar ainda são novidade, e o país sai testando técnicas de defesa, como montar barreiras de balões no céu.

Aeronave Spitfire, usado pelo Reino Unido na Segunda Guerra Mundial - Ben Stansall - 18.ago.2015/AFP
Mas o ataque demora a vir. Enquanto isso, Larson vai apresentando os personagens, tanto de forma física quanto psicológica, como quem coloca peças em um tabuleiro. Relata a rotina de Churchill e de sua família, que inclui um filho viciado em jogo, e de seus funcionários, como um secretário que divide seus pensamentos entre a guerra e um amor não correspondido.

Há também espaço para a rotina de moradores comuns de Londres, dos líderes da Alemanha nazista e dos EUA sob comando de Franklin Roosevelt, ainda reticente em se envolver na história.

Além dos personagens, o autor vai explicando as regras do jogo da guerra em 1940, em que coisas banais hoje seriam consideradas ficção científica. Os aviões, por exemplo, não tinham GPS, e um dos maiores desafios para os pilotos alemães era achar os alvos a serem bombardeados.

Do lado inglês, radares ainda rudimentares avisavam a chegada do inimigo, mas não conseguiam rastrear para onde os rivais tinham ido. Era preciso procurar a olho nu, com a ajuda de uma rede de milhares de observadores espalhados pelas ilhas.

E, para evitar ataques noturnos, as cidades apagavam quase todas as luzes externas à noite, para que aviões inimigos não as vissem do alto. Até os ônibus vermelhos de dois andares, que já existiam, tinham de trafegar com os faróis apagados, em ruas sem iluminação. Atropelamentos e batidas viraram rotina.

Os ataques alemães vão se aproximando de Londres aos poucos. Quando chegam, vemos os efeitos deles a partir de diversos pontos de vista. Churchill prefere subir no telhado para ver a cena ao vivo, enquanto muitos apenas tentam dormir em meio ao barulho de sirenes, bombas e tiros, tentando esquecer os riscos.

Estamos em um mundo pré-Hiroshima, em que não há como uma única bomba destruir uma cidade toda instantaneamente. Ao mesmo tempo, os alemães não queriam destruir Londres, mas forçar o governo a se render.

Assim, os bombardeios seguem por meses, mas a capital britânica vai tentando manter a rotina. Até as festas continuam, e relatos de Mary, filha de Churchill, nos guiam por algumas delas. Um baile, ao qual ela estava a caminho, foi destruído por uma bomba certeira.

Enquanto isso, Churchill vai fazendo seus movimentos, alternando lances militares e diplomáticos, para obter ajuda dos EUA e manter o moral britânico elevado. Em Berlim, Hitler fica adiando a invasão ao Canal da Mancha seguidas vezes, enquanto se prepara para atacar a União Soviética.

O livro segue o passar dos meses, até maio de 1941, e os ataques vão se tornando parte do cotidiano. Lê-lo em 2021, após quase um ano de crise da pandemia, gera uma identificação e, ao mesmo tempo, algum alívio por lembrar que mesmo tragédias de longa duração terminam um dia.

O Esplêndido e o Vil

  • Preço R$ 59,90 (624 págs.)
  • Autor Erik Larson
  • Editora Intrínseca
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