Gustavo Noboa, presidente de 2000 a 2003 e arquiteto da dolarização no Equador, morre aos 83

Político herdou país em meio a intensa crise econômica e política; recentemente, havia passado por cirurgia no cérebro

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São Paulo

O presidente do Equador de 2000 a 2003, Gustavo Noboa, morreu nesta terça-feira (16) aos 83 anos, anunciou o atual mandatário do país, Lenín Moreno.

O então presidente do Equador, Gustavo Noboa, durante visita ao México para a posse de Vicente Fox
O então presidente do Equador, Gustavo Noboa, durante visita ao México para a posse de Vicente Fox - Pedro Ugarte - 29.nov.2000/AFP

Responsável pela implementação da dolarização na economia equatoriana, o político de centro era vice de Jamil Mahuad, eleito em 1998. Dois anos depois, o então chefe de Estado foi derrubado por uma rebelião de indígenas e militares, e Noboa assumiu a Presidência até 2003.

“O Equador está de luto. A partir de amanhã, decretarei luto nacional em memória de Gustavo Noboa, ex-presidente da República”, escreveu Moreno no Twitter.

Segundo o jornal El Universo, o político estava internado no Hospital Jackson Memorial, em Miami, após passar por uma operação devido a um tumor no cérebro, em 9 de fevereiro.

Seu filho, Diego Noboa, havia afirmado um dia depois que a cirurgia havia corrido bem, mas o quadro se complicou nesta terça após um infarto, de acordo com pessoas próximas que falaram com o veículo equatoriano.

Essa era a segunda operação a qual o equatoriano se submeteu devido a um tumor no cérebro –ele se recuperou totalmente após a primeira intervenção, em 2017.

Noboa assumiu a Presidência do Equador em meio a uma intensa crise, resultado de problemas econômicos crônicos, incluindo inflação, recessão, desemprego e aumento da pobreza. Em protestos por mais direitos e contra a dolarização, líderes indígenas realizaram grandes mobilizações pela deposição de Mahuad, chegando a tomar o Congresso com a ajuda de setores do Exército.

A invasão fez com que o então mandatário deixasse o palácio presidencial em Quito. O vácuo no poder foi ocupado por um triunvirato formado pelo general Carlos Mendoza, chefe do comando militar à época, pelo líder indígena Antonio Vargas e pelo ex-membro da Suprema Corte Carlos Solorzano.

Para que o então vice assumisse os três renunciaram. A base legal para sua posse era incerta, já que Mahuad não havia abdicado da Presidência, apesar de ter dito que não faria nada para impedir a transição.

Noboa chegou ao poder com a promessa de que continuaria os planos de Mahuad de modernização econômica e manteria a dolarização para tentar tirar o país de grave crise.

Antes de se tornar presidente, quando implementou a dolarização determinada por um decreto de Mahuad para tirar o país da grave crise econômica, Noboa foi governador de Guayas, onde fica Guayaquil, maior cidade do Equador.

Além da política, também se destacou nos âmbitos acadêmico e espiritual. Foi reitor da Universidade Católica de Santiago de Guayaquil entre 1986 e 1996 e formador espiritual por muitos anos no Colégio Cristóbal Colón, onde também estudou.

Com AFP

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