Após promessa de verba para ambiente, Planalto vê responsabilidade dividida com Congresso

Auxiliares de Bolsonaro dizem que meta imediata de redução de desmatamento ficará como anúncio para COP26

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Brasília

Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar, na Cúpula de Líderes sobre o Clima, que vai dobrar os recursos destinados às ações de fiscalização ambiental no Brasil, conselheiros presidenciais avaliam que o Palácio do Planalto tem um ponto de tensão a menos para lidar.

Ao se comprometer com um montante estimado em cerca de R$ 115 milhões sem dizer de onde o dinheiro vai sair no Orçamento, Bolsonaro divide com o Congresso a responsabilidade de encontrar os recursos.

No plano internacional, diante da expectativa sobre a efetividade das promessas feitas, o governo dos EUA viu o discurso de Bolsonaro como "positivo" e "construtivo", ainda que, segundo assessores de Joe Biden, a credibilidade do líder brasileiro dependa de "planos sólidos". O governo brasileiro pressiona a comunidade internacional para receber um aporte de US$ 1 bilhão para medidas de proteção ao ambiente.

Há assessores do presidente que dizem acreditar no empenho de Biden para resolver essa questão, uma vez que o protagonismo na solução da agenda ambiental é uma das prioridades do líder dos EUA.

Durante um debate eleitoral com Donald Trump no ano passado, Biden chegou a falar em criar um fundo de US$ 20 bilhões para combater o desmatamento da floresta amazônica e citou consequências ao Brasil caso o governo Bolsonaro não tomasse atitudes contra a destruição da região.

À época, o presidente brasileiro reagiu e disse que não aceitava suborno, em meio a um contexto em que ele declarava publicamente a expectativa de uma reeleição do republicano Trump —o que não aconteceu.

Bolsonaro não incluiu no discurso desta quinta a meta do Brasil de redução de desmatamento a curto prazo. O objetivo deve ser apresentado na COP26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática), em novembro, em Glasgow, na Escócia.

Assessores do presidente brasileiro encararam a reação do governo Biden ao discurso desta semana como previsível, já que o americano tinha ideia do que ouviria a partir da carta enviada por Bolsonaro à Casa Branca. Dentro da lógica defendida pelo governo Bolsonaro de que a preocupação internacional com o ambiente no Brasil é uma questão de interesses econômicos de países que querem limitar a concorrência, especialmente no agronegócio, o Planalto agora monitora as reações vindas da Europa.

"Está na cara que no fundo eu acho que uma questão econômica que está em jogo", afirmou Bolsonaro na noite desta quinta, em sua live semanal nas redes sociais, após refutar as críticas que o Brasil vem recebendo desde o ano passado devido ao aumento de desmatamento no país.

Para os auxiliares de Bolsonaro, com a despressurização na área ambiental e com o acordo com o Congresso para a sanção do Orçamento 2021, o foco do governo se volta agora quase que exclusivamente para a CPI da Covid. A comissão parlamentar de inquérito foi criada no Senado para apurar responsabilidades no enfrentamento à pandemia do coronavírus.

O colegiado deve começar a funcionar na terça-feira (27).

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