Descrição de chapéu Coronavírus

Festa falsa atrai milhares e termina em conflito em parque de Bruxelas

Anúncio prometia '8 palcos, 100 DJs e 0 regra anti-Covid' e avisava que era piada de Dia da Mentira

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Bruxelas

Uma brincadeira do Dia da Mentira acabou mal na tarde desta quinta (1º) num dos parques mais populares de Bruxelas. Milhares de pessoas se aglomeraram no De la Cambre após o anúncio de um falso festival de música e foram dispersadas pela polícia montada, gerando correria e deixando gente ferida.

O evento fictício, batizado de La Boum (a festa), anunciava nas redes sociais que teria “oito palcos, cem DJs de renome internacional [Calvin Harris, DJ Snake e Skrillex entre eles] e zero regra contra o coronavírus”. Os organizadores anônimos deixaram claro que se tratava de uma piada de 1º de abril, “que tem por objetivo zombar de determinadas medidas tomadas no contexto da pandemia do coronavírus” —mas milhares de pessoas confirmaram o interesse.

Afirmando que a piada era perigosa, no final de março o Ministério Público de Bruxelas abriu uma investigação para identificar os organizadores da La Boum. A administração de Bruxelas também emitiu comunicados dizendo que o festival era “falso e não autorizado”.

Para conter o contágio de Covid-19, a Bélgica já proibia a reunião de mais de dez pessoas ao ar livre e, desde a semana passada, reduziu o limite para seis, devido à alta no número de novos casos.

A polícia voltou a avisar na quarta que o evento era apenas uma piada e que estaria no parque “para impedir quaisquer reuniões ilegais, no caso de algumas pessoas tentarem ir à festa mesmo assim”.

Mas o feriado em plena primavera no hemisfério norte, com céu azul e temperaturas acima dos 20 ºC, atraiu para o parque milhares de pessoas, que, na ausência de um festival com DJs, fizeram sua própria festa. As TVs e redes sociais mostraram uma multidão de jovens dançando e festejando.

Quando a polícia chegou, por volta das 17h (horário local, 12h no Brasil), muitos se recusaram a se dispersar e começaram a atirar garrafas e outros objetos nos agentes, que responderam com canhões de água, spray de pimenta e gás lacrimogêneo.

A polícia montada também interveio, provocando correria. Imagens mostraram frequentadores sendo atropelados pelos cavalos e outros sangrando após os conflitos. Por volta das 18h30, o prefeito da cidade de Bruxelas, Philippe Close, escreveu em uma rede social que aglomerações “não serão toleradas” enquanto o país está lutando para combater a pandemia de coronavírus.

​“Quem não seguir as ordens da polícia corre o risco de ser preso e processado”, escreveu o prefeito, que agradeceu “às pessoas que seguem as regras há mais de um ano” e à polícia “pelo trabalho difícil”.

Às 19h30, a assessoria da polícia afirmou que quatro pessoas foram presas e três policiais ficaram feridos. Não havia informação sobre o número de frequentadores feridos.

Para esta sexta também foi convocado outro evento não autorizado, a L'Abîme (o abismo), no parque Cinquentenário, nas proximidades da Comissão Europeia.

Diferentemente do festival La Boum, em que o embuste era explícito, os organizadores dizem que a festa tem como objetivo resguardar a “necessidade vital” dos jovens de festejar “num parque, ao ar livre”.

“Reivindicamos nosso direito de nos reunirmos como cidadãos informados e livres. É um dos pilares da nossa Constituição, das nossas liberdades fundamentais. Da nossa humanidade”, afirma a convocatória.

“Nós só queremos festejar como se fosse a última vez. Como se amanhã pudéssemos sucumbir a um vírus que surgiu do nada”, afirmam, acrescentando que não querem "excessos" nem “transtornos”.

Até a noite desta quinta, 3.000 internautas haviam marcado interesse e 968 tinham confirmado presença. A polícia de Bruxelas pediu que as pessoas divulgassem o aviso de que o evento não está permitido.

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