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Governo militar de Mianmar derruba internet móvel para conter protestos

Mais de 500 pessoas já foram mortas na repressão aos atos contra golpe de Estado

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Reuters

O governo militar de Mianmar ordenou nesta quinta-feira (1º) o desligamento do serviço de internet móvel no país, por tempo indeterminado, disseram várias empresas de telefonia.

A determinação para suspender a internet não detalha o motivo. Especula-se que o governo tenha adotado a medida para tentar desarticular os protestos de rua, que se espalham pelo país há semanas.

Manifestantes na cidade de Hlaingbwe protestam contra o golpe militar em Mianmar
Manifestantes na cidade de Hlaingbwe protestam contra o golpe militar em Mianmar - 1º.abr.21/AFP

No país, o acesso à internet móvel é muito mais difundido do que a banda larga fixa. O governo já ordenou a suspensão do acesso à internet em outras ocasiões, mas de forma pontual.

Há dois meses, em 1º de fevereiro, militares derrubaram o governo civil do país e prenderam seus líderes.

Aung San Suu Kyi, 75, principal líder civil detida no golpe, foi alvo de uma nova acusação nesta quinta-feira: a de violar uma lei da era colonial sobre segredos oficiais, segundo seu advogado. Se ela for condenada neste processo, pode pegar pena de até 14 anos de prisão.

Inicialmente, Suu Kyi foi acusada de crimes leves, como importação ilegal de seis walkie-talkies e uma suposta violação dos protocolos de combate à propagação do coronavírus. Ela é mantida em um local desconhecido, e seu advogado só pode conversar com ela por chamada de vídeo.

Ao menos 538 pessoas foram mortas até agora nos protestos contra o golpe, 141 das quais no sábado (27), o dia mais sangrento desde o golpe, de acordo com a AAPP (Associação de Assistência aos Presos Políticos), um grupo ligado aos ativistas de Mianmar.

Nesta quinta, houve novos atos em várias partes do país, e ao menos duas novas mortes foram registradas. As Forças Armadas tomaram o poder sob a justificativa de que a eleição nacional de novembro, em que o partido pró-militares sofreu uma derrota esmagadora para a Liga Nacional pela Democracia, liderada por Suu Kyi, foi fraudada —acusação até agora sem evidências.

Na semana passada, a comunidade internacional aumentou a pressão sobre os militares de Mianmar, com novas sanções dos EUA e de europeus. No entanto, Rússia e China têm evitado críticas ao golpe. Os dois países são membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, assim, podem bloquear ações da ONU contra o atual comando de Mianmar.

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