Descrição de chapéu Caixin China

Pequim rejeita acusação de que China quer substituir EUA como superpotência

Embaixador chinês em Washington responde a afirmação de Joe Biden

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Lu Zhenhua Lin Ting
Caixin

O embaixador da China nos EUA, Cui Tiankai, rejeitou a caracterização feita pelo presidente americano, Joe Biden, sobre o objetivo de Pequim de substituir os EUA como próxima superpotência, salientando a desconfiança entre as duas maiores economias do mundo relativas às suas intenções estratégicas.

Durante sua primeira entrevista coletiva de amplo alcance desde sua posse, Biden disse na quinta (25): "A China tem um objetivo geral de se tornar o maior país do mundo, o mais rico e mais poderoso do mundo".

"Isso não vai acontecer no meu governo, porque os Estados Unidos continuarão crescendo", afirmou Biden. Questionado sobre o comentário do presidente americano em uma entrevista à CNN, Cui disse: "A meta de desenvolvimento da China é realizar a crescente aspiração do povo chinês por uma vida melhor".

O embaixador da China para os EUA, Cui Tiankai, durante entrevista em Washington - Jim Bourg -6.nov.2018/Reuters

Essa última rixa ocorre apesar dos esforços de Pequim e Washington de se reaproximar depois que o relacionamento bilateral atingiu o ponto mais baixo, com Donald Trump. Mas os dois lados se chocaram nos últimos dois meses sobre questões relacionadas a Hong Kong, Xinjiang e o Mar do Sul da China.

"Nosso objetivo não é competir com ou substituir qualquer outro país. Essa nunca foi nossa estratégia nacional", declarou o embaixador. "Esperamos que as pessoas tenham uma compreensão melhor disso."

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying, repetiu os comentários de Cui em uma entrevista coletiva na sexta (26), dizendo: "O objetivo da China nunca foi superar os Estados Unidos, mas superar continuamente a si própria para ser uma China melhor".

Na semana passada, em Anchorage (Alasca), autoridades dos dois países encerraram uma reunião de dois dias sem emitir uma declaração conjunta, indicando que haverá uma nova fase de relações tensas.

Na entrevista à CNN, entretanto, Cui disse que as discussões no Alasca foram "oportunas" e "úteis", acrescentando que espera que a reunião seja "o início de um longo processo de diálogo, comunicação e possivelmente coordenação entre os dois lados". O embaixador chinês também negou denúncias de trabalho forçado na região autônoma uigur de Xinjiang, no extremo oeste da China. "Quero deixar isso muito claro: a China não está fazendo essas coisas", disse Cui.

"Nós criamos iniciativas de educação e formação profissional, esperando que as pessoas aprendam mais sobre a lei, adquiram boas técnicas para melhorar suas vidas e encontrar bons empregos. Tudo isso fez uma enorme diferença", afirmou o embaixador.

Em uma medida coordenada, os EUA, o Reino Unido e o Canadá aplicaram sanções na segunda-feira (22) a diversas autoridades graduadas chinesas por supostas violações dos direitos humanos em Xinjiang.

Em uma reação retaliatória, a China aplicou sanções no mesmo dia a dez indivíduos e quatro instituições da União Europeia. E na sexta as sanções foram expandidas para nove indivíduos e quatro entidades britânicos pelo o que a China chamou de "disseminar maliciosamente mentiras e desinformação".

A China também revidou ao condenar violações dos direitos humanos nos EUA relacionadas ao controle epidêmico, violência armada, conflitos étnicos, distúrbios políticos e desigualdade social, em um abrangente relatório anual. Na semana passada, oito pessoas, incluindo seis mulheres de origem asiática e um chinês, foram mortas em um ataque a tiros concentrado em três casas de massagens na Geórgia.

O suposto atirador foi Robert Aaron Long, homem branco de 21 anos da área suburbana de Atlanta que afirma que os ataques foram motivados por seu vício em sexo, segundo a polícia. "Estamos muito preocupados, muito chocados com os crimes de ódio contra asiáticos nos Estados Unidos", disse Cui. "Apenas esperamos que o governo americano faça o possível para proteger as pessoas asiáticas."

O Ministério das Relações Exteriores também pediu que Washington "puna severamente" o assassino assim que possível, de acordo com a lei.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves 

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