Netanyahu convoca reunião de emergência após escalada de violência em Gaza e Jerusalém

Israelenses e palestinos voltam a se enfrentar em confrontos de rua e por disparos de foguetes após meses de quietude

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Jerusalém | AFP e Reuters

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, convocou uma reunião de emergência neste sábado (24) e pediu calma a judeus, palestinos e forças de segurança do país após duas noites de confrontos em Jerusalém e disparos de foguetes na Faixa de Gaza.

"Acima de tudo, queremos manter a lei e a ordem pública. Exigimos que a lei seja respeitada, e peço a todas as partes que se acalmem", disse Netanyahu. "Queremos manter a liberdade de culto como em todos os anos para todos os residentes e todos os turistas de Jerusalém", acrescentou o premiê em referência à oração na Esplanada das Mesquitas, um dos locais sagrados do islã.

Em pleno ramadã, mês mais importante para a tradição religiosa dos muçulmanos, Jerusalém tornou-se palco de conflitos. A tensão dos últimos dias, que começou com a polícia impedindo pessoas de se sentarem nos degraus do Portão de Damasco —uma das entradas da Cidade Antiga—, escalou para a violência na última quinta-feira (22).

Tanques israelenses próximos à fronteira com a Faixa de Gaza - Jack Guez - 24.abr.21/AFP

Os palestinos, impedidos de realizarem suas reuniões noturnas, sentiram-se especialmente provocados quando um grupo de israelenses ultranacionalistas fez uma marcha, organizada pelo movimento judaico de extrema direita Lahava, em direção ao Portão de Damasco, entoando gritos de "morte aos árabes" e "morte aos terroristas". Houve confrontos entre os dois grupos, e a polícia dispersou manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. O saldo foi de ao menos 120 feridos e 50 presos.

Os conflitos recomeçaram na noite desta sexta-feira (23), quando jovens palestinos voltaram a se reunir em frente aos muros da Cidade Antiga. Centenas de agentes reagiram às pedras lançadas pelos manifestantes com disparos de canhões de água.

Segundo a polícia, os palestinos lançaram pedras contra o prédio de um tribunal israelense e destruíram câmeras de segurança. Outros incidentes ocorreram em diferentes bairros palestinos em Jerusalém Oriental, na passagem de fronteira Qalandiya, que liga Israel à Cisjordânia, e em Belém, na Cisjordânia ocupada.

Apesar dos pedidos de Netanyahu pela desescalada da crise, Jerusalém voltou a ser palco de enfrentamentos na noite deste sábado, com grau de violência menor do que nos dias anteriores, relatou um jornalista da agência de notícias AFP. De acordo com o Crescente Vermelho palestino (equivalente à Cruz Vermelha em países muçulmanos), seis palestinos ficaram feridos no confronto.

Também neste sábado, militantes palestinos na Faixa de Gaza dispararam 36 foguetes contra Israel. Segundo as Forças Armadas israelenses, todos os disparos foram interceptados por escudos antimísseis ou caíram em terrenos baldios, de modo que não houve registros de mortos ou feridos. Em retaliação, tanques, caças e helicópteros militares visaram, de acordo com o Exército, posições do Hamas, grupo islâmico que controla Gaza e é considerado uma organização terrorista por Israel, EUA e União Europeia.

Os ataques interromperam a sequência de meses de relativa quietude na fronteira entre Israel e Gaza. Os militares israelenses não impuseram restrições de segurança na região, sinalizando que não esperam uma escalada mais ampla de imediato.

O chefe de gabinete do governo de Israel, Aviv Kohavi, no entanto, adiou uma visita a Washington marcada para este domingo (25), devido aos acontecimentos recentes e seus possíveis desdobramentos.

Benny Gantz, ministro da Defesa israelense, também declarou que o Exército estava preparado para uma eventual escalada. "Se a calma não for mantida no sul, Gaza será duramente atingida, e os responsáveis ​​serão os líderes do Hamas", disse.

O enviado da Organização das Nações Unidas para o Oriente Médio, Tor Wennesland, disse que a entidade está trabalhando com todas as partes para pacificar o cenário. Em uma declaração por escrito, ele condenou a violência e fez um apelo para que todos tenham moderação. O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, denunciou o "incitamento ao ódio" de grupos israelenses de extrema direita e instou a comunidade internacional a "proteger" os palestinos em Jerusalém Oriental.

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