Descrição de chapéu talibã Ásia

Com caos no aeroporto, mortes em retirada do Afeganistão chegam a 20

Reino Unido fala em pessoas esmagadas em confusão próxima ao aeroporto de Cabul

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Cabul | Reuters e AFP

Desde que o Talibã tomou Cabul e reassumiu o poder no Afeganistão, no último dia 15, ao menos 20 pessoas já morreram dentro ou nos arredores do aeroporto da capital, Cabul, palco de cenas de desespero daqueles que tentam fugir do regime fundamentalista.

O número, divulgado neste domingo (22) pela Otan (aliança militar ocidental), inclui sete civis afegãos que, de acordo com o Ministério da Defesa do Reino Unido, foram pisoteados e esmagados em uma confusão próxima ao terminal no sábado.

Neste domingo não houve registro de feridos graves, mas, segundo testemunhas ouvidas por agências internacionais, homens armados ligados ao Talibã, que controlam os acessos ao aeroporto, repeliram as multidões atirando para o ar e usaram cassetetes para forçar as pessoas a formar filas ordenadas.

multidão de pessoas reunidas em frente a cerca de arame de aeroporto
Afegãos se reúnem do lado de fora do aeroporto de Cabul, na tentativa de sair do país - Wakil Kohsar - 20.ago.2021/AFP

"As condições no local são extremamente desafiadoras, mas estamos fazendo o possível para lidar com a situação na forma mais segura possível", informou a Defesa britânica.

No sábado, as embaixadas de EUA e Alemanha orientaram seus cidadãos a evitar o deslocamento até o terminal, citando a instabilidade no local e riscos à segurança. Neste domingo, o assessor de segurança nacional Jake Sullivan disse à rede CNN que a "ameaça é real", mas que as forças americanas reforçaram sua capacidade de fornecer segurança e criaram rotas alternativas a quem se dirige ao aeroporto.

Desde a volta do Talibã ao poder, pessoas não param de chegar ao aeródromo, no qual países ocidentais realizam operações para a retirada de seus diplomatas e cidadãos, além de afegãos que buscam sair do país por medo de represálias por terem colaborado com essas nações.

Segundo um oficial da Otan afirmou à agência de notícias Reuters, as forças da organização estão mantendo distância da área externa do aeroporto para evitar confrontos com o Talibã.

De acordo com a agência de notícias AFP, o grupo extremista, por sua vez, atribuiu a confusão no local a um fracasso de gestão dos EUA, alegando que no restante do país reina a paz —declaração de resto contraditória com relatos de protestos, forte repressão e mortes dos últimos dias.

O Talibã tem centrado esforços neste fim de semana também nas negociações para a formação de um novo governo. Os comandantes do grupo devem fazer reuniões com líderes locais em mais de 20 das 34 províncias do país. A ideia seria também aumentar a segurança e buscar cooperação —segundo um porta-voz, ex-governantes não serão forçados a se juntar aos talibãs e poderão sair do país se quiserem.

As negociações se intensificaram no sábado, com a chegada a Cabul de Abdul Ghani Baradar, cofundador da facção e considerado o número 2 na hierarquia de comando.

Dois porta-vozes do Talibã deram entrevistas, neste domingo, às redes Al Jazeera e Al Hadath, prometendo um governo inclusivo e dizendo que o grupo está mantendo contatos com as forças americanas e ocidentais sobre as confusões ligadas à busca de pessoas para sair do Afeganistão.

"Anunciamos uma anistia ampla, e esse medo e histeria que tomaram conta são infundados", disse Abdul Qahar Balkhi à emissora qatariana.

Lá Fora

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Ainda neste domingo, segundo a AFP, o grupo informou ter enviado centenas de integrantes ao vale Panjshir, uma das poucas regiões onde as autoridades se recusam a seguir as instruções dos talibãs.

Em resposta à crescente crise para retirar as pessoas do país, o premiê britânico, Boris Johnson, convocou uma reunião virtual dos líderes do G7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, para a próxima terça-feira (24). "É vital que a comunidade internacional trabalhe em conjunto para garantir o resgate seguro das pessoas, prevenir uma crise humanitária e apoiar o povo afegão para assegurar os ganhos dos últimos 20 anos", disse o primeiro-ministro.

A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, confirmou a participação de Joe Biden no encontro. Sob pressão, o democrata deve fazer um novo pronunciamento na tarde deste domingo.

A administração já confirmou que usará aviões comerciais para ajudar no transporte de pessoas retiradas do Afeganistão. De acordo com o Pentágono, 18 aeronaves de companhias como United, American Airlines e Delta vão resgatar afegãos e aliados levados a bases americanas em países do Oriente Médio.

Os EUA já retiraram 17 mil pessoas do Afeganistão desde que o Talibã assumiu o poder, há uma semana, e as bases do país no Oriente Médio correm o risco de lotarem. Na sexta (20), os EUA anunciaram também um acordo para que 12 países auxiliem na retirada de americanos e afegãos de Cabul, recebendo voos e dando abrigo temporário, e para que 13 nações acolham os refugiados.

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