Descrição de chapéu Governo Biden

Biden vai a Louisiana ver estragos do Ida, e mortos no nordeste dos EUA chegam a 47

Como furacão e tempestade, evento climático deixou vítimas também no sul do país

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São Paulo | Reuters

Enquanto tenta remediar os efeitos da maior crise de política externa de seu governo —a retirada caótica de tropas militares do Afeganistão—, o presidente Joe Biden foi ver de perto nesta sexta (3) os danos provocados por outra contenda, esta interna: os estragos causados pelo Ida.

Como furacão e tempestade tropical, o fenômeno atingiu os Estados Unidos de norte a sul. Destruiu comunidades inteiras em Louisiana, no Golfo do México, que já conta nove mortos, e provocou enchentes no nordeste. Nesta sexta, a contagem na região de Nova York (nos estados de Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia e Connecticut) chegou a 46 vítimas, e ainda há o registro de um morto em Maryland.

O número, no entanto, pode aumentar, já que, segundo o governador de Nova Jersey, Phil Murphy, ainda há seis pessoas desaparecidas no estado. Foi em Louisiana, atingida pelo Ida no último domingo (29), que Biden desembarcou nesta sexta. Além das vítimas, a tempestade deixou 1 milhão de pessoas sem energia e 600 mil sem água. A situação agora é atingida por uma onda de calor, agravada pela alta umidade.

O presidente dos EUA, Joe Biden, passa por árvore derrubada em temporal provocado pelo furacão Ida na cidade de LaPlace, em Louisiana
O presidente dos EUA, Joe Biden, passa por árvore derrubada em temporal provocado pelo furacão Ida na cidade de LaPlace, em Louisiana - Mandel Ngan/AFP

Biden se encontrou com o governador do estado, John Bel Edwards, e autoridades locais e prometeu agir para restaurar logo a energia para a população atingida. Ele também visitou a pequena comunidade de LaPlace, a 50 km de Nova Orleans, fortemente atingida pelo temporal. Os relatos de quem sobrevoou a região são de cenas devastadoras, com cidades menores destruídas.

"A tempestade foi impressionante, não apenas aqui, mas também na Costa Leste", disse o democrata, que defendeu um plano de infraestrutura para transformar os fios elétricos em subterrâneos. "Para eles ficarem embaixo da terra, custa muito dinheiro. Mas também economiza muito mais a longo prazo."

Sobre a reconstrução de locais danificados, ele lembrou do impacto positivo da estrutura erguida pós-furacão Katrina —uma vez que, com o Ida, o número de mortes foi significativamente menor. "Não podemos refazer ruas, estradas, pontes, como antes", afirmou. "As coisas mudaram muito em termos de meio ambiente. Já cruzamos um certo limite."

Enquanto Louisiana pensa na recuperação, a população de outra parte do país ainda lida com as enchentes. Americanos de Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia e Connecticut ainda tentam esvaziar porões, que ficaram inundados, e lidam com problemas de queda de energia e telhados danificados.

Foi em cômodos abaixo do nível da rua que a maioria dos 13 nova-iorquinos mortos ficou presa, o que levantou questões sobre o modelo das construções numa era com eventos climáticos cada vez mais extremos. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, disse à MSNBC nesta sexta que será necessário implementar proibições de viagens e fazer retiradas com mais frequência em períodos de tempestades. "Temos que mudar toda a maneira de pensar. Vamos precisar fazer as coisas de maneira diferente."

Nova York e Nova Jersey entraram em estado de emergência, e Biden autorizou ajuda federal para remediar os estragos, disse a Casa Branca. O volume de chuvas registrado durante a passagem da tempestade Ida já é considerado recorde em diferentes regiões. No Central Park, que tem registros meteorológicos desde 1869, a chuva registrada na quarta quebrou o antigo recorde, de 1927. Na cidade de Newark, em Nova Jersey, o recorde anterior, de 1959, também foi superado.

Ao comentar a destruição, Biden classificou o Ida como o quinto maior furacão da história americana.

Na quarta, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço das Nações Unidas para questões do clima, afirmou que o Ida pode se tornar o desastre climático mais caro da história, superando inclusive o furacão Katrina, que há 16 anos deixou cerca de 1.800 mortos.

Levantamento do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos feito em 2018 apontou que o Katrina provocou danos que chegaram a US$ 125 bilhões (US$ 173,75 bilhões hoje, no valor corrigido pela inflação, ou R$ 902 bilhões na cotação atual). A conta leva em consideração impactos na agricultura, perdas individuais e gastos do governo na reparação dos danos.

A declaração foi dada pouco após a OMM lançar um relatório global demonstrando que a ocorrência de eventos climáticos extremos aumentou cinco vezes nas últimas cinco décadas. As inundações, causa das mortes em Nova York e Nova Jersey nesta quarta, são o tipo de fenômeno mais frequente. Dos mais de 11 mil desastres climáticos registrados de 1970 a 2019, elas corresponderam a 44%.

Outros documentos embasados pela comunidade científica também acendem o alerta para a emergência climática. O último relatório da Avaliação Nacional do Clima, feito por agências federais americanas, indicou que o aumento da precipitação extrema é projetado para todas as regiões dos EUA nas próximas cinco décadas, em especial no meio-oeste e no nordeste americanos.

Relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU) divulgado no início de agosto também trouxe projeções preocupantes sobre o tema. Comparando a situação atual com a de 1850, o órgão calculou que o volume de água das tempestades já é 6,7% maior —e pode chegar a 30,2% no pior cenário.

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