Descrição de chapéu China Itamaraty

Itamaraty divulga 1ª nota sobre atentado a consulado da China duas semanas após ataque

Ministério chefiado por Carlos França manteve silêncio após homem lançar bomba contra órgão no Rio

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São Paulo

Duas semanas depois de um ataque a bomba contra o consulado da China no Rio, o Itamaraty divulgou nesta quinta-feira (30) a primeira nota pública sobre o episódio, na qual o ministério afirma que "todos os esforços serão empregados para elucidar o caso e levar o responsável ou responsáveis à Justiça e também para proteger a segurança do corpo diplomático e consular acreditado no Brasil".

O órgão, chefiado pelo ministro Carlos França, demorou 14 dias para comentar o caso, ocorrido no último dia 16, quando um homem lançou um explosivo contra a representação chinesa na capital fluminense.

Questionado sobre a demora para se manifestar, o chanceler, em entrevista por telefone, afirmou à Folha que o ataque é "uma questão policial". "É claro que entramos em contato com a embaixada, o consulado, fizemos todo o protocolo de segurança, nos colocamos à disposição. É claro que lamentamos. Agora, eu queria saber o que era aquilo. Era um doido ou um atentado político, questão de ódio, o que é isso? No momento que tivemos mais condições, soltamos uma nota. Não somos polícia", disse França.

Em imagem de câmera de segurança, homem lança explosivo contra o consulado da China no Rio
Em imagem de câmera de segurança, homem lança explosivo contra o consulado da China no Rio - Reprodução

Na nota divulgada nesta quinta, o ministério afirma ter recebido "com satisfação a informação do departamento de polícia da capital do Rio de Janeiro de que as investigações sobre o atentado cometido contra o Consulado-Geral da China naquela cidade estão sendo conduzidas com celeridade e presteza".

A Folha questionou nesta semana a Polícia Civil do Rio sobre o andamento das apurações, mas não obteve resposta. Na quarta (29), o consulado chinês afirmou que, segundo a polícia, a investigação do caso está sendo apressada. A representação diplomática pediu "investigação minuciosa do ataque, punição do culpado nos termos da lei e medidas para evitar que incidentes similares voltem a ocorrer".

De acordo com o consulado, embora não tivesse se manifestado publicamente até aquele momento, o Itamaraty afirmou às autoridades chinesas que estava "empenhado junto com os departamentos responsáveis para reforçar medidas de segurança do Consulado-Geral da China, bem como para acompanhar o andamento das investigações, com vistas a comunicá-las".

O ataque foi registrado em vídeo por câmeras de segurança de prédios vizinhos, que mostraram o momento em que um homem vestido de preto, com boné e máscara, mexe no artefato e retira algo que parece ser um pino antes de lançar o explosivo. Não houve feridos, segundo a polícia.

O atentado ocorre em meio à escalada da tensão política e à resistência de figuras próximas do presidente Jair Bolsonaro com o maior parceiro comercial do país. Seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal, e os ex-ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação), já fizeram manifestações públicas anti-China que causaram embaraços diplomáticos.

Entre eles, culpar o país pela pandemia da Covid-19 ou fazer piada com o sotaque de chineses.

Colaborou Fábio Zanini

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