Um mandado de detenção baseado numa lei britânica contra terrorismo foi concedido neste sábado (16) para o suspeito preso em razão do assassinato do parlamentar britânico David Amess, informou a polícia.
Segundo a BBC, o homem se chama Ali Harbi Ali e tem 25 anos. Ele ficará detido em Londres, e a polícia, para quem a ação pode ter elos com terrorismo islâmico, têm até a próxima sexta-feira (22) para interrogá-lo e decidir se ele será acusado pelo crime.
O suspeito foi detido sob a Lei de Terrorismo 2000, a primeira emenda à regulamentação antiterror do país, criada para impedir o apoio e o envio de verbas para grupos extremistas que atuam no exterior.
Na sexta-feira (15), Amess foi morto após ser esfaqueado enquanto se reunia com eleitores em uma igreja na cidade de Leigh-on-Sea, no condado de Essex, no leste da Inglaterra.
O parlamentar, membro do Partido Conservador, estava na Igreja Metodista de Belfairs, sede escolhida para um encontro quinzenal entre os membros do Legislativo e seu eleitorado. Testemunhas disseram que um homem com uma faca entrou no prédio e atacou Amess, sem motivação aparente.
O político chegou a receber cuidados médicos dentro da igreja, mas não resistiu aos ferimentos.
Neste sábado, o premiê Boris Johnson depositou flores do lado de fora da igreja onde, um dia antes, o legislador foi esfaqueado. Junto ao líder britânico estavam o ministro do Interior, Priti Patel, e o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer. "Em memória de David Amess, um excelente parlamentar e um colega e amigo muito querido", escreveu à mão Boris em uma nota deixada junto com as flores.
O premiê e Starmer, rivais políticos, ficaram lado a lado no momento de silêncio em homenagem ao colega morto. Outros políticos, além de membros da polícia e civis, compareceram ao local em respeito a Amess.
Católico devoto, Amess era casado e pai de quatro filhas e um filho. Foi eleito pela primeira vez para o Parlamento para representar a cidade de Basildon em 1983 e depois se candidatou pelo distrito de Southend West em 1997. Em seu site, elencava "bem-estar animal e questões pró-vida" entre os principais interesses —era conhecido por ser um dos legisladores mais dedicados ao ativismo antiaborto no país.
Segundo a imprensa britânica, Amess pediu, no início do ano, um aprimoramento das medidas preventivas contra crimes cometidos com facas. O parlamentar também se opunha a projetos de lei que promovem direitos LGBTQIA+, como o que reconhece a legitimidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O esfaqueamento desta sexta ecoa dois casos: em 2010, Stephen Timms, parlamentar trabalhista, sobreviveu a um ataque parecido em seu gabinete. Já em 2016, a deputada Jo Cox, também trabalhista, foi assassinada aos 41 anos por um ultranacionalista de extrema direita no período que antecedeu o referendo em que os britânicos votariam pelo brexit, a saída do Reino Unido da UE.
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