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Líder opositor de Cuba vai para a Espanha após protestos fracassarem

Yunior García teve a casa cercada por agentes do regime, que o impediram de sair para manifestações pacíficas na ilha

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Madri | Reuters e AFP

O dramaturgo Yunior García, 39, um dos líderes dos recentes protestos de opositores em Cuba, desembarcou com a esposa em Madri nesta quarta-feira (17). A notícia sobre o paradeiro do ativista, procurado por amigos desde a manhã de terça (16), vem dois dias após atos na ilha caribenha serem frustrados pela repressão do regime.

O cubano viajou para a capital espanhola com um visto de turismo, e, de acordo com fontes ouvidas pelo jornal El País, a decisão de deixar a ilha se deve à pressão policial exercida nas últimas semanas. Um porta-voz do regime liderado por Miguel Díaz-Canel confirmou que García está na Espanha.

Com a casa cercada por agentes do regime cubano, Yunior García mostra, da janela, uma faixa com a frase 'minha casa está bloqueada'
Com a casa cercada por agentes do regime cubano, Yunior García mostra, da janela, uma faixa com a frase 'minha casa está bloqueada' - 14.nov.21/AFP

Líder do coletivo Archipiélago, que organizou a convocação para uma marcha contra o regime cubano na segunda (15), o ativista planejava fazer um ato sozinho na véspera –caminhar com uma rosa branca pelas ruas, como forma de demonstrar que os atos seriam pacíficos. Mas sua casa, na capital, Havana, foi cercada por agentes e apoiadores do regime, que o impediram de sair.

Os atos também fracassaram porque a ditadura prendeu manifestantes, sitiou suas residências e fechou o cerco à imprensa. Colegas de García disseram nas redes que não conseguiam falar com ele desde a manhã de terça. O ativista tampouco respondeu a pedidos de comentários da agência de notícias Reuters.

O regime cubano acusa García de responder a ordens dos EUA, que há seis décadas impõem um bloqueio econômico à ilha. Em resposta às acusações, o artista afirma que seu único salário, de 4.000 pesos cubanos (R$ 916), vem do próprio Estado, por meio do Conselho Nacional de Artes Cênicas.

Nascido em Holguín, no leste da ilha, García é conhecido pelo trabalho no teatro e no cinema. Depois de novembro de 2020, quando centenas se manifestaram por mais liberdade de expressão, ele se converteu em um representante da nova geração crítica ao regime, que une artistas, jornalistas e acadêmicos.

Mais recentemente, em 11 de julho, quando grandes atos ocuparam as ruas de diferentes províncias do país, ele também se somou às mobilizações e chegou a ser preso, mas foi liberado um dia depois.

Também nesta quarta, fontes diplomáticas informaram que o regime devolverá as credenciais de mais dois correspondentes da agência espanhola de notícias Efe. No domingo, os seis membros da sucursal do veículo na ilha tiveram suas credenciais retiradas, e, horas depois, duas delas foram devolvidas.

O jornalista Abraham Jiménez Enoa, colunista do jornal americano The Washington Post, teve no domingo a casa sitiada por policiais, que afirmaram se tratar de uma prisão domiciliar. Nesta quarta, Enoa relatou nas redes sociais que os agentes haviam saído das redondezas e que ele, portanto, poderia sair às ruas.

A ONG local Cubalex reuniu 48 casos em que cubanos denunciaram prisões, bloqueios de casas, corte de internet e desaparecimento de ativistas que participariam das manifestações de segunda.

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