Descrição de chapéu Rússia Ásia

Rússia diz ter realizado teste com míssil hipersônico com êxito; veja vídeo

Anúncio vem em meio a disputa no desenvolvimento de armamentos do tipo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Moscou | AFP e Reuters

Em meio à disputa no desenvolvimento de mísseis hipersônicos, a Rússia anunciou nesta segunda-feira (29) que o teste com seu armamento de cruzeiro Tsirkon foi concluído com êxito.

O Exército russo divulgou em nota que o artefato foi lançado a partir da fragata Almirante Gorchkov contra um alvo a mais de 400 km, localizado nas águas do mar Branco, no Ártico —a meta foi destruída.

Trecho de vídeo mostra o lançamento do Tsirkon
Trecho de vídeo mostra o lançamento do Tsirkon - Ministério da Defesa da Rússia/AFP

Um vídeo publicado pelo Ministério da Defesa mostra o míssil levantando voo à noite, em meio a um flash de luz, seguido por um rastro de fumaça. Esse tipo de armamento pode viajar a mais de cinco vezes a velocidade do som, a cerca de 6.200 km/h. No caso do Tsirkon, que é de cruzeiro, também tem a capacidade de manobrar em pleno voo, o que o torna muito mais difícil de ser interceptado.

O artefato foi anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 2018. Na ocasião, ele revelou as novas armas hipersônicas ao afirmar que pode atingir alvos em mar e terra, a mil quilômetros de distância. O Tsirkon começou a ser testado em 2012, com lançamentos de protótipos de aviões e bases terrestres.

Desde o começo de 2020, o armamento passou a ser usado na fragata Almirante Gorchkov. No início de outubro, Moscou anunciou o lançamento, com sucesso, pela primeira vez, de um míssil a partir de um submarino, o que ampliou as possibilidades de uso desse tipo de arma.

Parte da próxima geração de armas de longo alcance que são mais difíceis de detectar e interceptar, os mísseis hipersônicos estão envolvidos numa disputa que envolve China, Rússia, EUA e Coreia do Norte.

O poderio militar de Pequim é tema recorrente no noticiário internacional. Em outubro, o jornal nipo-britânico Financial Times publicou reportagem afirmando que a China testou em agosto um míssil hipersônico que circulou a Terra antes de acelerar em direção a seu alvo, o que teria surpreendido a inteligência dos EUA. Pequim negou o relato e disse que o que foi testado era um veículo espacial.

Recentemente, o jornal voltou ao tema e divulgou que um dos testes incluiu um avanço tecnológico que permitiu que o país disparasse um míssil ao se aproximar do alvo viajando a pelo menos cinco vezes a velocidade do som —capacidade que nenhuma nação havia demonstrado até hoje.

Desta vez, a embaixada chinesa disse que "não está ciente" do teste do míssil. "Não estamos nem um pouco interessados em ter uma corrida armamentista com outros países", disse Liu Pengyu, porta-voz da embaixada ao Financial Times. "Os EUA nos últimos anos têm inventado desculpas como a 'ameaça chinesa' para justificar sua expansão armamentista e o desenvolvimento de armas hipersônicas."

Desde que o jornal publicou a primeira reportagem, as tensões seguiram em alta. Ainda em outubro, China e Rússia enviaram dez navios de guerra pela primeira vez para o estreito que separa as duas principais ilhas do Japão, o que foi visto como uma provocação direta aos EUA e aos nipônicos no Pacífico.

No campo dos discursos, o presidente Joe Biden fez uma demonstração de força ao dizer, em entrevista à CNN, que os EUA defenderiam Taiwan de uma eventual invasão chinesa. A fala tocou em um ponto sensível para Pequim, que considera Taiwan uma província rebelde e, frequentemente, acusa Washington e seus aliados ocidentais de interferência em um assunto que, diz ele, refere-se apenas à China.

"Quando se trata de questões relacionadas à soberania e integridade territorial da China e outros interesses fundamentais, não há espaço para fazer compromissos ou concessões", afirmou Wang Wenbin, porta-voz da diplomacia de Pequim, na ocasião. "E ninguém deve subestimar a forte determinação, firme vontade e grande capacidade do povo chinês de defender sua soberania nacional e integridade territorial."

No fim de outubro, a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, também concedeu entrevista à imprensa americana e confirmou relatos de que mais de 20 membros de operações especiais dos EUA e um contingente de fuzileiros navais estão há mais de um ano em território taiwanês. A declaração ocorreu semanas após a maior incursão aérea da história da China contra as defesas de Taipé.

A tensão regional se traduziu em ameaças. No início de novembro, autoridades chinesas disseram que punirão criminalmente, "para o resto de suas vidas", políticos e ativistas taiwaneses pró-independência, numa escalada retórica que não era vista há anos. O país não descartou o uso da força para colocar a ilha sob seu controle, e o governo taiwanês afirmou que defenderá sua liberdade e sua democracia.

Na sequência, imagens de satélite de uma empresa americana mostraram que a China construiu maquetes em tamanho real de um porta-aviões da Marinha e de outros navios de guerra dos EUA no deserto de Xinjiang. Os modelos possivelmente foram feitos para servirem como objeto de treinamento.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.