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Bebê morre durante travessia de 283 migrantes da África para Ilhas Canárias

Vítima tinha dois meses; mais de 35 mil pessoas sem documentos chegaram ao litoral da Espanha neste ano

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São Paulo

Um bebê de dois meses morreu nesta quinta (2) durante a travessia de quase 300 migrantes da África para o território espanhol das Ilhas Canárias, segundo divulgou o serviço de emergência do país europeu.

Em rede social, o órgão informou que 283 pessoas estavam em cinco botes infláveis e tinham como destino a ilha de Fuerteventura, a mais próxima do Marrocos. Quase todos eram de origem subsaariana, com exceção de 11 pessoas de Bangladesh, de acordo com o jornal espanhol Ultima Hora.

Barco de resgate espanhol leva bote de madeira ao porto de Los Cristianos, em Tenerife, encontrado à deriva na costa das Ilhas Canárias
Barco de resgate espanhol leva bote de madeira ao porto de Los Cristianos, em Tenerife, encontrado à deriva na costa das Ilhas Canárias - Desiree Martin - 28.abr.21/AFP

Membros do grupo de resgate afirmaram à agência de notícias AFP que estavam na embarcação 208 homens, 68 mulheres e 7 menores de idade, incluindo o bebê que não sobreviveu após uma parada cardiorrespiratória. O jornal espanhol divulgou que a mãe dele pensava que a criança estava dormindo.

Desde o início do ano, 36.379 migrantes sem documentos chegaram ao litoral espanhol, 511 a mais que no mesmo período em 2020, segundo os números mais recentes do Ministério do Interior do país europeu.

Em maio, a crise se agravou quando mais de 10 mil pessoas tentaram entrar em Ceuta, enclave espanhol vizinho ao Marrocos. Os viajantes chegavam nadando, a bordo de flutuadores ou botes infláveis e até a pé, quando a maré permitia. Outros tentavam cruzar a fronteira terrestre, protegida por uma cerca dupla.

O estopim foi o relaxamento da vigilância na fronteira por parte do Marrocos, num contexto de tensão com a Espanha, devido à presença no país ibérico do líder do movimento de independência do Saara Ocidental.

O governo marroquino reagiu com indignação à notícia de que o chefe da Frente Polisário, Brahim Ghali, encontrava-se internado desde meados de abril em um hospital espanhol para ser tratado de Covid-19.

À época, o país africano afirmou que o dirigente havia viajado com passaporte falso e pediu uma investigação transparente sobre a chegada dele à Espanha, justificada por Madri por razões humanitárias. A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta há décadas pela independência do Saara Ocidental, uma ex-colônia espanhola controlada em sua maioria pelo Marrocos, que quer manter a região sob seu comando.

Em meio ao fluxo migratório, o Ministério do Interior espanhol divulgou que 7.500 pessoas foram devolvidas ao Marrocos, sem saber especificar quantos eram menores. Por isso, ONGs advertiram que menores desacompanhados não podem ser devolvidos sem um exame detalhado de sua situação.

A Espanha enfrenta o reflexo do endurecimento da fiscalização no mar Mediterrâneo, o que fez aumentar, a partir de 2019, as chegadas ao arquipélago das Canárias, palco de uma outra crise migratória em 2006.

Segundo a Organização Internacional para Migrações (OIM), 2021 está sendo um dos anos mais mortais nas rotas até o país europeu, com ao menos 936 óbitos ou desaparecimentos de pessoas que tentavam chegar ao arquipélago desde o início do ano. Isso porque, para chegar às Canárias, embarcações muitas vezes pequenas e cheias de pessoas que nem sempre sabem nadar enfrentam correntes fortes.

Com AFP

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