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Bolsa do Chile tem queda recorde e dólar dispara após eleição de Boric

Mercado reage à proposta do esquerdista de gestão pública dos fundos de pensão

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Santiago

O mercado reagiu negativamente à vitória de Gabriel Boric no Chile. Nesta segunda-feira (20), dia seguinte à eleição do esquerdista à Presidência, o dólar teve o seu maior salto desde 2008 no país.

Até o meio da manhã, a cotação, de 878 pesos chilenos (R$ 5,77), era a mais alta desde março de 2020, quando a pandemia de Covid passou a gerar impactos na economia chilena. Havia, ainda, a expectativa de que a cotação da moeda americana pudesse fechar em 900 pesos (R$ 5,91) até o final do dia.

O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, à esq., cumprimenta o atual líder do país, Sebastián Piñera, durante encontro no Palácio de La Moneda, em Santiago
O presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, à esq., cumprimenta o atual líder do país, Sebastián Piñera, durante encontro no Palácio de La Moneda, em Santiago - Rodrigo Garrido/Reuters

Já a bolsa local despencou quase 8% na abertura dos mercados, mas vinha melhorando ao longo da manhã. O índice IPSA, das principais ações da Bolsa de Comércio de Santiago, registrou, assim, a maior queda diária desde o dia da eleição dos legisladores da Assembleia Constituinte, em maio deste ano.

As ações mais afetadas são as do cobre e as vinculadas ao sistema previdenciário e de saúde, uma provável reação ao fato de Boric ter, em sua plataforma de governo, a proposta de reforma da Previdência que estatizaria a gestão dos fundos de pensões, hoje geridos por meios privados.

Em seu discurso na noite de domingo (19), o primeiro como presidente eleito, Boric voltou a elencar a proposta como a principal reforma a ser sugerida assim que ele assumir, em 11 de março de 2022.

Entre os principais problemas com os quais terá ele de lidar estão, além da responsabilidade de iniciar a reforma da previdência, a crise econômica do país, a continuidade da política de combate à pandemia de coronavírus, o encaminhamento do processo da Assembleia Constituinte e a tentativa de estabelecer uma relação harmoniosa com o Congresso, no qual não há uma maioria clara.

Frente à pior recessão em décadas, a economia aparece como a questão mais latente. O PIB encolheu 6 pontos percentuais em 2020, devido ao impacto da Covid, que também causou a perda de 1 milhão de empregos, e o nível de pobreza, por sua vez, foi de 8,1% em 2019 para 12,2% em 2021.

Embora seja esperado um crescimento de 5,5% do PIB em 2021, a recuperação ainda é frágil e lenta para atender ao aumento das necessidades sociais e dos gastos feitos pelo Estado para minimizar o impacto da pandemia. A inflação pode superar os 6% neste ano, o dobro da meta estabelecida pelo Banco Central.

Ainda na área econômica, o governo terá de lidar com os efeitos da retirada de US$ 50 bilhões dos fundos privados de pensão, liberados pelo Congresso na pandemia, contrariando o presidente Piñera.

Da relação do governo com o Congresso depende o sucesso das negociações para aprovar as reformas e definir os próximos passos da Assembleia Constituinte. Espera-se que o plebiscito para aprovar ou rejeitar a nova Carta ocorra em outubro, e a nova Constituição pode ter entre seus artigos a mudança do sistema presidencialista para o parlamentarista, ou mesmo a redefinição da duração do mandato do presidente.

Neste caso, o eleito poderia ter de convocar novas eleições ou sair do cargo antes do previsto.

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