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China caça jovens talentos para o Partido Comunista

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Igor Patrick
Xangai

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Foi dada a largada para a escolha dos políticos que vão compor a nova geração de líderes do Partido Comunista Chinês. Segundo o Diário do Povo, jornal oficial da sigla, o chefe do Departamento de Organização do PC Chinês e membro do Politburo, Chen Xi, informou que "sucessores qualificados" serão selecionados para os cargos mais altos da hierarquia política chinesa (o que não inclui, é claro, o posto de líder, que deve ser ocupado por Xi Jinping).

Chen é citado no texto ao comentar a necessidade de encontrar "jovens quadros com qualidade, habilidade e senso de responsabilidade", membros que tenham um histórico de "formação progressiva, experiência e capacidade de levar adiante o desenvolvimento e a estabilidade nacionais".

De acordo com o jornal, os atuais ocupantes do cargo analisam perfis de várias áreas do conhecimento e de diferentes regiões do país para aumentar a diversidade no Comitê Central. Eles também esperam encontrar candidatos com "padrões políticos excepcionais".

Chefe do Departamento de Organização do PC Chinês e membro do Politburo, Chen Xi, no centro da mesa, em evento com estudantes
Chefe do Departamento de Organização do PC Chinês e membro do Politburo, Chen Xi, no centro da mesa, em evento com estudantes - Liu Bin/Xinhua

O chefe do Departamento de Organização, muitas vezes visto como uma espécie de RH do Partido Comunista, disse que a China vive um período de "prosperidade e inovação ativa, com grande força econômica e científica", o que oferece uma "oportunidade histórica para encontrar novos talentos".

Os novos membros do Comitê Central e do Politburo serão revelados em novembro do ano que vem.

Por que importa: Xi promete escolher jovens membros do partido que demonstrem lealdade e apoio ao chamado "pensamento de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas", a espinha dorsal ideológica que deve guiar as decisões políticas na China nos próximos anos. Considerando a baixa renovação de quadros no ciclo passado e o clima político no país, especialistas esperam a maior renovação do Comitê Central em mais de 50 anos.


O que também importa

A China começou a restringir o uso do WeChat (espécie de WhatsApp local) entre empregados de companhias estatais. O aplicativo está sendo analisado pelo governo.

Segundo o Wall Street Journal, funcionários de empresas como China Mobile, China National Petroleum Corp. e China Construction Bank foram orientados a fechar e excluir grupos criados no app para compartilhamento de mensagens e arquivos profissionais.

As conversas deverão ser transferidas para outras soluções concorrentes, como o DingTalk, desenvolvido pelo grupo Alibaba como uma solução empresarial.

Como reportou a newsletter Sinocism, um aplicativo codesenvolvido pela Lanxin Mobile Technology com a China Electronics Corp (CEC) foi lançado nesta semana com várias medidas de segurança inexistentes no WeChat.

O chamado Lanxin permite grupos de até 2.000 membros, desde que todos estejam registrados com nomes reais e identidades verificadas. O app proíbe o compartilhamento de arquivos para redes externas e o armazenamento de prints (que podem ser rastreados, caso vazem).

A WTA (Associação de Tênis Feminino) anunciou a suspensão de todas as suas competições agendadas para acontecer na China continental e em Hong Kong. A medida é uma retaliação ao suposto silenciamento da tenista Peng Shuai, que praticamente sumiu da vida pública após acusar o ex-vice-premiê chinês Zhang Gaoli de assédio sexual.

O presidente da associação, Steve Simon, disse que não vê "como pedir para as nossas atletas competirem onde Peng Shuai não pode se comunicar livremente e parece estar sofrendo pressão para desmentir suas alegações de abuso sexual".

A decisão foi imediatamente criticada por meios de comunicação vinculados ao governo chinês. No Twitter, o editor do periódico nacionalista Global Times, Hu Xijin, disse que "a coerção [promovida pela] WTA privou a estrela do tênis chinesa Peng Shuai da liberdade de expressão, forçando-a a se queixar com base na própria imaginação e nas expectativas da opinião pública ocidental".


Fique de olho

A China anunciou durante a realização do Fórum de Cooperação China-África que garantirá 1 bilhão de doses de vacinas contra a Covid-19 para países africanos. Serão 600 milhões doadas e 400 milhões fabricadas no próprio continente, com auxílio chinês na infraestrutura para a produção. O líder Xi Jinping prometeu treinamento técnico para profissionais africanos, o incentivo ao uso do yuan no comércio bilateral com os países da região e US$ 10 bilhões em investimentos nos próximos três anos.

Por que importa: no momento em que uma nova variante descoberta na África é motivo de preocupação mundial, a China se apresenta como nação disposta a resolver a desigualdade vacinal no continente. A ajuda é carregada de alguma dose de interesse próprio ---isolada do resto do mundo há quase dois anos, a China quer ver logo a situação internacional estável o suficiente para reabrir as fronteiras. Além disso, representa mais um passo na estratégia de soft power do país que já dura anos.


Para ir a fundo

  • A PUC Minas anunciou nesta semana a criação da especialização em China Contemporânea, a primeira do Brasil na área. Coordenado por Javier Vadell, Mariana Bomfim Burger e Samuel Spellmanm, o curso contará com aulas como história da China, governança do direito chinês, mídia e redes sociais na China e mais. As aulas começam em abril, e o investimento é de R$ 10.092. Mais informações aqui. (pago, em português)
  • A Universidade Federal da Bahia realiza na semana que vem o 2º Webnário China Atual, com mesas de discussão sobre temas como a presença chinesa na Bahia, relações sino-africanas e estratégias da ascensão chinesa. Todas as sessões serão transmitidas ao vivo pelo YouTube. Mais informações aqui. (gratuito, em português)
  • A Observa China realiza neste sábado (4) um bate-papo com Sophie Hu, sócia da AiNi - Inteligência Artificial para Insights Naturais, consultora de negócios da KomraVision e mentora no Mestrado em Inovação, Empreendedorismo e Liderança Global da Universidade Zhejiang. Sophie vai falar sobre o mercado de startups no país. O evento tem inscrições limitadas no link. (gratuito, em inglês)
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